Nesta terça-feira, às 18:30, o Tribunal de Justiça de Alagoas inaugura a ampliação de seu Centro de Cultura e Memória, instituição localizada antiga sede do TJ, na Praça Deodoro. Ao Presidente do corte, Desembargador Fernando Tourinho de Omena Souza, os justos aplausos. Parabéns! Taí um exemplo a ser seguido, sem moderação.
MEMÓRIA URBANA
Formando um perímetro de imóveis de grande relevância para a história alagoana, a antiga sede do Tribunal de Justiça foi projetada por Luigi Guiseppe Lucarini (1842-1907), italiano cujas obras representam o marco inicial da Arquitetura pública em Alagoas. Da prancheta e do tira-linhas de Lucarini transformaram-se em monumentos públicos alguns dos imóveis mais importantes no final do Século XIX e começo do Século XX, e alguns desses projetos foram edificados depois de sua morte. Em Penedo, Lucarini projetou o Teatro 7 de setembro e a Escola Cincinato Pinto, construídos em 1884 e 1880, respectivamente. Além da sede do Tribunal de Justiça, Maceió deve àquele nativo da comuna de Lucca, a Praça Deodoro, o Teatro Deodoro, a Praça Floriano Peixoto (Praça dos Martírios) o Palácio Floriano Peixoto (Palácio dos Martírios) e a Intendência Municipal. No quadrilátero da Deodoro, ao prédio da Escola Prática, inaugurada em 1880, (posteriormente renomeada como Pedro II), foram agregados o Teatro Deodoro (em 1910) e o palacete do Tribunal de Justiça (em 1912). Infelizmente, todos os belos casarões privados que circulavam aquele logradouro, que antes de homenagear o Proclamador da República era chamado de “Largo das Princesas”, foram destruídos ao longo do século XX– daí, nada mais justo que lá, no antigo Palácio da Justiça, esteja o Centro de Cultura e Memória do Poder Judiciário.
MEMÓRIA CIDADÃ
Repetindo muito repetido, a memória do Poder Judiciário é a memória da cidadania em seu formato mais cotidiano. Nos arquivos dos tribunais estão relatadas querelas de todos os tipos, documentos capazes de fornecer preciosas informações sobre a vida de uma comunidade num lapso de tempo qualquer. O que são os processos civis e criminais senão a crônica dos problemas cotidianos – pessoais, coletivos, econômicos, sociais, policiais – de uma população? Todo julgamento é uma peça da História, da Sociologia… Só para citar um exemplo ancestral, fiquemos na importância da descrição feita por Platão (427 a.C. – 347 a.C.) sobre o julgamento de Sócrates, no ano 399 a.C., num júri composto por 501 cidadãos atenienses escolhidos por meio de sorteio, e cuja condenação é um marco na história do pensamento ocidental. Num pulo até a contemporaneidade, processos tramitados em comarcas alagoanas sobre as mortes de Lampião e Maria Bonita, Delmiro Gouveia, Beato Franciscano, José Cardoso, Campos Teixeira, Humberto Mendes, Robson Mendes, Floro Gomes Novais, Paulo César Farias, e outros tantos casos criminais, fazem parte da história brasileira. Disputas empresariais como as que sacudiram e sacodem a agroindústria sucroalcooleira também são documentos fundamentais para se compreender esse Brasil tão complexo (e não só Alagoas).
Enfim, aplausos gerais à Justiça alagoana. No particular, aplausos para o juiz/historiador Claudemiro Avelino, à servidora Irina Costa, respectivamente, o Curador e a Diretora do Centro de Cultura e Memória do Tribunal de Justiça de Alagoas. E mais, na solenidade de hoje, a agenda artística indica as apresentações da pianista Selma Britto, do Coral do Poder Judiciário de Alagoas, do Atrium Quinteto de Cordas e da cantora Irina Costa. Se não chover, o evento será realizado ao ar livre, na Praça Deodoro.