Pesquisa aponta Maceió com a pior qualidade de vida entre as capitais do Nordeste; Aracaju tem o melhor nível

Reportagem: Karina Dantas
Um levantamento inédito, utilizando dados socioambientais dos municípios brasileiros, mostrou que Maceió tem o pior índice de qualidade de vida entre as capitais da região Nordeste e está nas últimas colocações em todo o país. Por outro lado, Aracaju é a capital com o melhor desempenho na região.
Os dados do Índice de Progresso Social (IPS) do Brasil, analisados pela Agência Tatu, revelam que Maceió é a terceira pior capital em qualidade de vida, com pontuação de 62,37 no IPS. A última colocação fica com Porto Velho (57,40) e em seguida Macapá (58,03), ambas no Norte do país.
Por outro lado, as capitais que tiveram a melhor pontuação no ranking foram Brasília (71,25), Goiânia (70,49), Belo Horizonte (69,62), Florianópolis (69,56) e Curitiba (69,36). Aracaju (SE), que teve o melhor resultado entre as capitais do Nordeste, aparece na 10ª posição do país, com 67,89.
Índice de Progresso Social nas capitais do BrasilLevantamento mede qualidade de vida da população.
O motivo para as capitais nordestinas não aparecerem entre as primeiras colocadas é antigo, e pode estar vinculado ao modelo colonial de ocupação regional, segundo explicou o doutor em Economia, mestre em Sociologia Política e professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Cícero Péricles.De acordo com o especialista, esse modelo colonial fez com que, no período republicano, o Nordeste se constituísse como a mais atrasada das regiões brasileiras nos aspectos social e econômico, ao lado da região Norte.
“Apesar de pertencerem à parte mais pobre do país, as cidades nordestinas apresentavam, entre elas, diferenças de desenvolvimento, como as reveladas desde o primeiro cálculo do IDH [Índice de Desenvolvimento Humano], em 1991. Essas diferenças foram influenciadas pela capacidade econômica da localidade que sediava a capital, pela forma de povoamento e pela maior ou menor intensidade das políticas públicas”, argumenta o economista e sociólogo.
Doutor em Economia, mestre em Sociologia Política e professor da Ufal, Cícero Péricles. Foto: Arquivo Pessoal
O professor da Ufal explica que os casos extremos, como Maceió e Aracaju, devem ser analisados de forma diferenciada. “Aracaju é uma cidade menor cuja população cresceu de forma mais ordenada, diferentemente de Maceió, que mais que duplicou de tamanho entre 1980 e 2010 devido à forte migração rural, alcançando quase um milhão de habitantes”, conta Cícero Péricles.
Sobre o IPS BrasilO estudo analisa diversos aspectos que estão abarcados pelos temas centrais: necessidades básicas humanas, fundamentos do bem-estar e oportunidades. Para isso, foram utilizados dados públicos, recentes, e que estivessem disponíveis para todos os municípios.
A metodologia do estudo Índice de Progresso Social é norteada para responder 12 perguntas que buscam avaliar se as pessoas têm o necessário para prosperar, indo além das métricas tradicionais e paradigmas econômicos.
Para Cícero Péricles, o levantamento pode ajudar os tomadores de decisão a fazerem melhorias nos municípios, uma vez que existe uma carência de dados municipalizados sobre a realidade de cada local, além de faltar a sistematização dessas informações para os gestores e os agentes de cidadania.
“O Índice de Progresso Social (IPS), ao incorporar indicadores sociais e políticos, além dos econômicos, amplia a possibilidade de um índice geral se aproximar da realidade das diversas e bem diferentes localidades brasileiras. Além do IPS, temos um bom número de índices municipalizados”, diz o economista Cícero Péricles, citando outros indicadores como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal e o Ranking de Competitividade dos Municípios.

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