Algumas semelhanças, ululantes, chamam a atenção entre os atentados a favor de Jair Messias e Donald Trump, e duas merecem ser destacadas: 1) aconteceram nos momentos mais apropriados para as campanhas de ambos; 2) transformam personalidades agressivas, prepotentes, em “vítimas inocentes”. Diferem, entretanto, em: A) tipo de arma utilizada; B) eliminação do autor (mataram o Adélio do Trump); C) morte e ferimentos entre o público; D) aparecimento de algum sangue na cena (Jair é a única vítima de arma branca cujo corte não sangrou). Mas o resultado, armação ou não, é o mesmo, lá e cá: uma providencial e gigantesca onda de comoção pública.
LIGAÇÕES PECAMINOSAS
Esse badalado atentado de sábado, na Pensilvânia, é mais uma das ocorrências com similitude entre o bizarro líder direitista americano e seu “love you” brasileiro. Aqui, o ex-capitão (quando homiziado nos Estados Unidos) tentou jair dando um golpe, imitando a ousada invasão ao Capitólio perpetrada por trumpistas alucinados para subverter a decisão das urnas. A tentativa de golpe nos Estados Unidos se deu no dia 6 de janeiro de 2021; e a tentativa de golpe no Brasil, com motivação idêntica, ocorreu em 8 de janeiro de 2023. A facada em Jair Messias se deu num momento estratégico da candidatura, em ato público com ampla cobertura da mídia; o tiro em Donald ocorreu num momento estratégico da candidatura, em ato público com ampla cobertura da mídia. E, pasmem, momentos depois do sangue aparecer na orelha de Trump, o deputado Dudu Bananinha comentou no ex-Twitter, numa postagem de Eric, filho de Trump: “Ele já está eleito. Nós temos experiência com uma situação como essa (…)”.
CRIMES TRADICIONAIS
Atentado político não é novidade, principalmente nos Estados Unidos, onde quatro presidentes da República foram assassinados (Abraham Lincoln, em 1865; James Garfield, 1881; Willian McKinley, 1901; John Kennedy, 1963), dois foram feridos (Theodore Roosevelt, 1912; Ronald Regan, 1981); e seis escaparam ilesos de sete tentativas de assassinato (Andrew Jackson, 1835; Franklin Roosevelt, 1933; Harry Truman, 1950; Gerald Ford, vítima de duas ocorrências em 1975; Bill Clinton, 1994; e George W. Bush, 2005). Dois candidatos à Casa Branca foram alvejados: Robert Kennedy, trucidado em 1968; e George Wallace, ferido em 1972 (ficou paraplégico). Novidade mesmo nos Estados Unidos, é presidente, ou candidato a presidente, ser alvo de um atentado cujo resultado, prático, é puro lucro para si próprio em meio a uma campanha eleitoral.
JABUTICABA TIPO EXPORTAÇÃO
Essa modalidade de “atentado a favor” foi lançada no Brasil em 2018, quando o candidato Jair Messias se beneficiou de uma facada “mágica” que turbinou sua campanha num momento de alto risco eleitoral e se tornou o elemento decisivo para a vitória da extrema-direita nas urnas 52 dias depois. Em 2024, a orelha do milionário americano foi perfurada 116 dias antes das eleições, e acontece num momento vital onde a frágil candidatura de Biden à reeleição é alvo de pressão para ser substituída por nome mais competitivo – e as pesquisas indicavam, nesta hipótese, uma forte tendência de derrota de Trump. Transformado em vítima, Donald passou a ser saudado como vencedor antecipado.
Teorias da conspiração à parte, o fato inquestionável é que Donald Trump está sendo tremendamente beneficiado por um atentado. Crime esse repleto de questões inexplicáveis, mesmo para os padrões históricos de imensas falhas da segurança americana para com seus presidentes e candidatos a presidente.