Zinho, apontado como um dos grandes comandantes do crime organizado carioca e meliante dos mais caçados no pedaço, se entregou à Polícia Federal na véspera deste Natal, num verdadeiro presente de Papai Noel para a Justiça.
Deve-se reconhecer, em primeiro lugar, que essa pauta carioca é tema de interesse nacional, pois – bato cá na mesma tecla – o que se inventa em termos de crime organizado no eixo Rio-São Paulo é copiado pelo resto do Brasil mais cedo ou mais tarde.
Insisto, novamente, na tese de que a “milícia” é o principal problema da segurança pública em todo Brasil, por ser a fusão do crime organizado com parcelas criminosas infiltradas nas forças policiais (e com ramificações na política).
Essa fusão de extrema periculosidade, como se deve saber, se origina no famigerado Regime Militar (1964/1985) e na impunidade genérica, ditatorial, que lançou seu manto protetor sobre os crimes cometidos por militares e/ou policiais naquele período.
Ficaram especialmente famosas as versões cariocas dessa fusão polícia/política/bandido, pois eram divulgadas fartamente pela mídia amiga da ditadura como formas legítimas de se “manter a ordem” e “combater bandidos”.
Policiais criminosos como Mariel Mariscot viraram celebridades, assim como os grupos “Homens de Ouro”, “Esquadrão da Morte”, “Scuderie Le Coq”. Foram os embriões das atuais milícias –retratadas com perfeição no filme “Tropa de Elite 2”.
Nos tempos em curso, milicianos perigosos foram exaltados publicamente por Jair Messias e seus familiares, com o finado miliciano Capitão Adriano da Nóbrega, preso, homenageado em 2005 pelo então deputado estadual Flávio Zero Um.
Entre as grades, no que o tal Zinho poderá contribuir para a sociedade, além de seu afastamento das ruas? Apenas se falar o que sabe. E ele sabe muito, daí a expectativa pelos desdobramentos de seu recolhimento à cela.
Resta torcer e cobrar. As milícias seguem fortes e, aparentemente, se espalhando pelo País depois de um quadriênio de fortalecimento em suas bases cariocas (e paulistas?). Precisam ser mais combatidas, independente de Zinho falar ou não.
Gravíssimo problema, a fusão polícia/política/banditismo precisa ser combatida com força redobrada, pois a infiltração do crime organizado nas forças policiais e militares é um câncer agressivo que precisa ser extirpado imediatamente – e permanentemente, posto ser recidivo.