Muitos estabelecimentos não revelam qual é o produto utilizado para alcançar os resultados de preenchimento.
Ultimamente, muitas clínicas de estética têm divulgado nas redes sociais um procedimento chamado preenchimento corporal. Diferente das próteses de silicone tradicionais, nesse tipo de técnica, não é necessário que o paciente passe por uma cirurgia para conseguir o resultado desejado, que na maioria das vezes, consiste no aumento das mamas ou das nádegas.
O método consiste na aplicação de um produto preenchedor (termo usado pela maioria das clínicas que realizam o procedimento) em determinadas partes do corpo, com o intuito de aumentar aquela área.
No entanto, assim como no caso de muitas intervenções que são difundidas nas redes sociais, é importante saber como funciona o processo e, principalmente, que produto está sendo injetado no corpo e se pode causar efeitos colaterais adversos.
Como pontuado acima, muitos estabelecimentos não revelam qual é exatamente o produto utilizado para alcançar tais efeitos. Por isso, a pedido do Metrópoles, o dermatologista Erasmo Tokarski, da Clínica Dr. Erasmo Tokarski, avaliou alguns dos vídeos mais bombados desses procedimentos, e catalogou quais produtos podem ser responsáveis pelos resultados apresentados.
De acordo com o dermatologista, esses preenchimentos corporais podem ser feitos com polimetilmetacrilato (PMMA) e ácido hialurônico. “Ultimamente tem sido muito observado o uso do PMMA para o preenchimento de glúteos e mamas, o que pode acarretar em grandes problemas para o paciente ao longo dos anos”, destacou.
“Os perigos da intervenção estética são muitos, principalmente infecções, necroses e outras reações fortes. Em algumas pessoas, o PMMA não causa reação a curto prazo, mas pode gerar a longo prazo, depois de oito, dez ou até 12 anos”, ressaltou o profissional.
Considerando os riscos que o PMMA pode representar para o corpo, o Projeto de Lei (PL) nº 403, está em tramitação na Câmara dos Deputados desde 2021, e visa restringir a venda e utilização do produto para a realização de procedimentos estéticos.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) mostrou-se favorável a aprovação da norma, sob a seguinte justificativa:
“O Polimetilmetacrilato quando utilizado para bioplastia se trata de um implante permanente, ou seja, permanece indefinidamente no tecido. Não há substância capaz de dissolver e/ou remover o PMMA, bem como o mesmo não é absorvido ou excretado pelo corpo humano. A aplicação de prenchedores a base de PMMA deve ser avaliada de forma criteriosa, uma vez que a remoção desses produtos do organismo é feita somente através de cirurgia e nem sempre é possível a remoção total.”
Contudo, Erasmo não condena os preenchimentos corporais, mas alerta para a importância da intervenção ser feita com prudência.
“Para glúteos e mamas, o preenchimento mais indicado ainda é o ácido hialurônico. No caso do ácido hialurônico, mesmo que também exista um risco, o material é absorvido ao longo dos anos, e esta absorção faz com que os riscos sejam menores”, finaliza.
Metrópoles