Lula é um estadista e não pode se esquecer disso

Nada mais republicano que o diálogo e a parceria entre entes federados, entre poderes constituídos, especialmente quando isto envolve gestores que são adversários políticos e/ou contendores ideológicos. Como sabemos, essa condição civilizatória deixou de existir no Brasil entre 2019 e 2022.

No quadriênio passado, a presidência da República desandou na provocação, chafurdou na picuinha contra quaisquer titulares que não fossem bajuladores do mito escatológico no poder. Sequer precisava ser de campo político oposto, pois mesmo com o voto auditado no Jair, se não lhe batesse continência, o pau quebrava.

CORONELISMO DO EX-CAPITÃO

João Dória Jr., então governador de São Paulo, eleitor entusiasmado do falso messias em 2018, foi desancado pelo Jair em 2020, quando ignorou o boicote presidencial às vacinas e decidiu produzir a Coronavac. De aliado importante do bolsanarismo, foi transformado em alvo dos mais preferenciais da familícia.

Jair atacou todas as instituições, como a Justiça (especialmente o STF e o TSE), as ONGs, as prefeituras, os governos estaduais – com particular virulência, investiu contra os governadores do Nordeste, especialmente pela decisão regional de importar mais vacinas. Para o ex-capitão só valia o beija-mão: ou se submete ou é inimigo.

GOL DE PLACA DO LULA

No campo das relações instrucionais, Lula faz o bom trabalho de reintroduzir o respeito entre os entes federados, e o encontro entre o presidente da República e o governador de São Paulo é prova contundente dessa nova e alvissareira realidade. Tarcísio, o governante paulista, é bolsonarista roxo, como se sabe.

Na terça-feira, 30, a reunião no Palácio do Planalto tratou de verbas federais para São Paulo. A obra – o túnel Santos/Guarujá – custará R$ 6 bilhões. O presidente (Lula, petista) recebeu o governador (Tarcísio, bolsonarista) e firmaram republicana parceria para o projeto. Turma, é melhor jair se acostumando com essa nova postura.

FALTAS DESNECESSÁRIAS

Mas Lula não é perfeito, “não é um anjo que caiu do céu por descuido”, como diria minha Vó Tilinha. Algumas faltas tolas do governo (apesar de não anular os gols de placa do camisa 13) desnecessitam ser cometidas. Urge deixar de destinar respostas ao falso messias – é preciso parar de jogar pérolas ao porco.

Não devem ser toleradas postagens governamentais como a tal “toc, toc, toc” rimando com a ida da PF à mansão do Jair. Apesar de entusiasmar pelos 1 milhão de visitantes, ficam bem para humoristas em geral, mas não para o Ministério da Comunicação Social – que precisa conquistar milhões de curtidas para as realizações do governo Lula, isso sim.

POLARIZAR FORA DO GOVERNO

Ninguém pode, nem deve ignorar a polarização. É fato incontornável. Mas o governo precisa tratar essa questão de outro nível – polarizando nos índices, nos resultados, radicalizando nas conquistas em todos os campos, garantido avanços reais, comparando seus números com os algarismos do quadriênio podre (2019/2022).

Memes são necessários nessa batalha, sim – mas precisam ser não-governamentais. Ouso insistir: o governo deve polarizar (e já está fazendo) com realizações gerais, obras marcantes, economia pujante, inserção social, e tudo mais que reafirme sua excelência.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *