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A diplomacia brasileira frente ao conflito russo-ucraniano é alvo de controvérsias intermináveis sobre a justeza do próprio conflito e da posição do Brasil nos debates na Organização das Nações Unidas (ONU). A situação desafia a tradição diplomática nacional, que é a de sempre ser parte da solução das disputas e não ser parte do problema. 

Em dezembro do ano passado o governo russo divulgou via um comunicado da Agência Tass o convite oficial para uma visita do presidente brasileiro à Rússia. Em um dos trechos do comunicado da agência estatal está escrito: “ficaríamos muito felizes em ver o presidente do Brasil na Rússia”. Logo depois, em uma solenidade de recepção aos novos embaixadores no país, o presidente Vladimir Putin referiu-se ao Brasil como um dos “mais importantes parceiros estratégicos da Rússia”. 

Ainda em dezembro, antes do convite do presidente Putin ao presidente Bolsonaro, um episódio no Conselho de Segurança da ONU foi decisivo para a confirmação da visita do chefe de estado brasileiro ao chefe de estado russo. Tratou-se da resolução proposta pela Irlanda e apoiada pelos Estados Unidos e pela Europa ocidental que colocava a crise climática e a questão ambiental como grande ameaça à segurança internacional. A resolução, se aprovada, seria a antessala de uma outra que poderia vir em seguida, desta vez considerando a Amazônia como questão de segurança internacional pelas mesmas razões climáticas e ambientais. Acontece que a resolução foi bloqueada por um veto da Rússia apoiado pela China e pela Índia, parceiros do Brasil nos Brics. 

Em mais de uma entrevista o presidente brasileiro manifestou gratidão e reconhecimento pela posição da Rússia. O episódio do Conselho de Segurança não deve ter passado despercebido na alta hierarquia militar brasileira, sensível à questão da Amazônia e da soberania nacional sobre seus recursos naturais. 

O fato é que o presidente Bolsonaro não só realizou a visita como organizou uma forte agenda com a presença de seus ministros das Relações Exteriores e da Defesa em uma inédita reunião dois a dois com os ministros das Relações Exteriores e da Defesa da Rússia. 

Em declaração sobre a opinião do vice-presidente Mourão, segundo a qual a invasão da Ucrânia pela Rússia deveria ser respondida com uma ação militar, Bolsonaro voltou a destacar que não só a posição do Brasil no conflito era uma prerrogativa sua, como ele a tomava ouvindo seus ministros das Relações Exteriores e da Defesa, deixando claro o peso da segurança nacional no encaminhamento do assunto. 

Não deve ter escapado ao governo brasileiro o fato de uma potência nuclear de grande tradição militar como a Rússia receber um tratamento desafiador por parte dos Estados Unidos, da Europa ocidental e de seus aliados da OTAN. O que aconteceria ao Brasil frente às pressões dos mesmos personagens no caso da Amazônia? 

Aldo Rebelo