Governo de Sergipe oferece 92% de redução de ICMS para levar Braskem de Alagoas

Sabe aquela estória de que a gente só dá valor quando perde algo importante? Aqui vão dois casos mal resolvidos que, talvez, um dia sejam definitivamente explicados e compreendidos. Mas aí será tarde e valerá apenas como capítulos da nossa história.

JOÃO LYRA
Guarde bem esse nome. O empresário mais bem-sucedido de Alagoas iniciou o projeto de construção do Grupo João Lyra aos 17 anos de idade. Por mais de meio século jamais atrasou em um dia o pagamento a seus trabalhadores e fornecedores.

O homem que mais gerou oportunidade de trabalho no Estado não precisava ser político, seus negócios não dependiam do apoio dos políticos e ele não necessitava possuir um sistema de comunicação para ampliar e divulgar seus negócios.

João Lyra prosperou ainda na adolescência e seu foco era o trabalho. Talvez pelas más influências (é por aí onde não se sabe a verdade dos fatos) João Lyra desviou o foco dos negócios e entrou num beco sem saída, quando optou pela política. Foi mais derrotado que vencedor, tanto como político quanto como padrinho de praticamente todos os poderosos que ocuparam cargos na política alagoana.

“Rei dos empregos” no Estado, com investimentos bem-sucedidos em Minas Gerais, João Lyra só enxergou que havia errado quando bancou, a preço de ouro, sua própria eleição para ser governador de Alagoas, em 2010. Quem não lesou João Lyra que atire a primeira pedra.

Antes, porém, JL havia sido orientado a comprar o pequeno O Jornal, depois uma rádio AM e montar um site de notícias. O argumento era de que, com o monopólio da comunicação tudo ficaria mais fácil.

Habituado a vencer, João Lyra não contava com a fome dos políticos e a esperteza de muitos que o cercavam.

A moral da história é que o homem que virou patrão aos 17 anos, tornando-se no maior empregador de Alagoas, acabou ficando só, inclusive do carinho da família. Falido, João Lyra vive isolado, numa casa com vistas à antiga sede do Grupo que leva seu nome.

BRASKEM
Diferente de João Lyra a Braskem se instalou em Alagoas bancando a permanência. As estórias são muitas, desde mensalão na Câmara de Vereadores a importantes quadros do Governo do Estado, no final da década de 70.

Por quase 40 anos a petroquímica multiplica investimentos, gerando oportunidades de trabalho, promovendo ações sociais, bancando projetos e apoiando prêmios, inclusive o mais importante para os jornalistas alagoanos.

Esse é o lado ruim da empresa, que faz parte do grupo Odebrecht, o mais poderoso e importante fisgado na Operação Lava Jato.

Rentável e importante para Alagoas, com a geração de milhares de empregos diretos e pagamento de milhões em impostos, a petroquímica está sendo acusada de ser a responsável pelas rachaduras no Pinheiro e toda problemática que ameaça os bairros Mutange e Bebedouro.

Talvez como forma de punição pelo esquema para entrar e se alojar na capital, a justiça alagoana – tão lenta – foi veloz para decidir pelo bloqueio de 3,7 bilhões de reais, dinheiro que ficará à disposição para arcar com as despesas com as famílias e comerciantes dos três bairros atingidos.

A empresa não concorda com o relatório  do  Serviço Geológico do Brasil (CPRM) e ameaça deixar Alagoas, deixando sem emprego milhares de alagoanos, deixando sem pernas a Algás e deixando de repassar milhões em impostos para a capital.

VISÃO DE GOVERNO
Com a imagem trucidada, em Maceió, o Governo de Sergipe percebeu a oportunidade e convidou a petroquímica para se instalar por lá. A primeira vantagem é a redução de 92% de ICMS que teria que recolher até 2032.

O Estado de Sergipe, que possui expressivas reservas minerais no subsolo, iniciará produção de petróleo e gás por meio da Petrobras e da Exxon a partir 2023.

De forma oficial representantes de Braskem e do Governo de Sergipe têm reunião marcada no início deste mês, após um simpósio para discussão do potencial de gás natural em Sergipe, marcado para 4 e 5 de julho.

PRESTE ATENÇÃO NISSO
O Governo de Sergipe definiu quatro cidades que podem receber os investimentos da Braskem – Laranjeiras, Maruim, Barra dos Coqueiros e Santo Amaro das Brotas. O argumento é que elas estão na região do Porto de Sergipe. “Estamos fazendo alteração do plano diretor das cidades e criando zonas industriais associadas ao porto”, diz José Augusto Carvalho, secretário de Desenvolvimento de Sergipe.

MORAL DA HISTÓRIA
– Depois da falência do Grupo João Lyra o setor canavieiro não foi mais o mesmo. Pior: não há perspectiva de melhora em médio prazo. Pelo que se ouve, João Lyra é um dos vilões da história de Alagoas. Será mesmo?

– O Governo Renan Filho foi omisso em todo o processo. Falhou e não encontrou saída, mesmo tendo melhores condições que o Estado de Sergipe. Por que não apresentou um plano, como fez Sergipe? Outra dúvida: A Braskem é mesmo responsável pela problemática nos bairros?

Nos dois casos, o tempo será o Senhor da razão.

Certamente… será tarde de mais.

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