Morte de jovem provoca discussão sobre prevenção ao suicídio

Keyth Evelin, de 33 anos, morreu na noite desta quarta-feira (23), na Ponte do Reginaldo

O registro de mais uma morte na Ponte do Reginaldo, em Maceió, levantou a polêmica sobre a reponsabilidade de criar barreiras – físicas – para tentar conter a ação de suicidas na capital alagoana. Desde a noite desta quarta-feira (23), quando imagens e informações sobre o suicídio da jovem Keyth Evelin Pereira Alves de Araújo Lago, 33 anos, se tornaram públicas, o tema virou debate nos mais variados setores da sociedade.
A morte de Keyth se soma a da também jovem Patrícia Santos de Oliveira, de 30 anos, que se jogou do mesmo local no dia 25 de julho, há menos de um mês do segundo suicídio. Apesar de histórias de vida absolutamente distintas, várias ‘coincidências’ unem as vidas dessas mulheres: as mortes trágicas, transtornos psicológicos e, claro, a Ponte do Reginaldo.
O pontilhão tem sido usado de forma recorrente por suicidas, a exemplo do que acontecia com o Edifício Brêda pelos idos das décadas de 70 e 80. No mundo, estatísticas apontam que a ponte Golden Gate, nos Estados Unidos, é o 2º lugar “preferido” de suicidas, com cerca de 30 casos anuais.

Em 2013, esse número chegou a 46 casos, provocando a reação da Fundação Bridge Rail, que exigiu a instalação de uma rede de proteção que dificultasse os saltos no vazio. Solução semelhante tem sido proposta, por moradores de Maceió, a cada novo suicídio registrado no local. Hoje, as redes sociais foram tomadas por sugestões de colocação de obstáculos na região.

Contenção não resolve a questão

De acordo com a psicóloga Gabriela Bothrel Echeverria, a contenção poderia ajudar, mas não resolve a questão. “As pessoas continuarão a cometer suicídio, seja na ponte do Reginaldo ou em qualquer outro local. A Organização Mundial da Saúde já comprovou que o suicídio pode ser prevenido, então o papel do Estado, para além da segurança pública nessa região, colocando a contenção por exemplo, envolve entender o suicídio como uma questão de saúde pública, investir em ações de promoção a saúde e prevenção ao suicídio.

A especialista abordou outro ponto envolvendo a morte das duas jovens: a depressão. “O suicídio nunca ocorre por um único motivo. É um fenômeno multicausal, ou seja, uma junção de diversos fatores, como sociais, econômicos, culturais e emocionais. É sabida que a depressão é um dos fatores de risco para quem está passando por um momento difícil e pensa no suicídio como saída. De maneira geral, a depressão pode ser ou não um dos fatores que a fez cometer o suicídio.

Em Maceió, as pessoas com necessidade podem encontrar apoio em vários locais, entre eles o o Cavida, ONG localizada na Av. Comendador Gustavo Paiva, 2889, Na Cruz vermelha, do lado do Shopping Maceió.

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