Justiça determina o bloqueio de imóveis da mulher de Cabral

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RIO — A pedido do Ministério Público, o juiz da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, Marcelo Brêtas, determinou nesta segunda-feira o bloqueio dos bens imóveis da mulher de Sérgio Cabral, Adriana Ancelmo, e de seu escritório Ancelmo Advogados. O objetivo é assegurar, segundo Brêtas, a efetividade de eventual condenação penal.

“A princípio não foi verificada a necessidade de decretação de medidas assecuratórias em face da investigada. No entanto, com o aprofundamento das investigações, foi identificada a participação mais efetiva da investigada Adriana Ancelmo na atividade da suposta organização criminosa. Motivo pelo qual, tornou-se medida necessária a decretação do bloqueio de seus bens imóveis, em especial no que diz respeito à aquisição de grande quantidade de joias de altíssimo valor, normalmente em dinheiro vivo, pela própria investigada ou por interpostas pessoas, nas principais joalherias do Rio de Janeiro”, afirma o juiz na decisão.

Para o MP, há evidências de que a ex-primeira-dama do Rio atuou na lavagem de dinheiro e ocultação da origem ilícita de proveitos obtidos no esquema de corrupção liderado por seu marido.

“Os laços familiares e de intimidade com os demais investigados são inegáveis, além do que, as apurações preliminares revelaram que Adriana Ancelmo praticou diversos atos que, aparentemente, representam evidências de sua participação na lavagem e na ocultação da origem ilícita de proveitos decorrentes da corrupção supostamente praticada por seu marido, o também investigado Sérgio Cabral”, aponta em outro trecho, ao citar o pedido do MP.

COMPRA DE JOIAS

Na Operação Calicute, que prendeu o ex-governador, a PF apreendeu cerca de 300 joias. Em depoimento, duas vendedoras de grandes grifes contaram que Sérgio Cabral e a mulher faziam pagamentos em dinheiro vivo.

O GLOBO revelou nesta segunda-feira um sistema de contabilidade paralelo da joalheira Antonio Bernardo, criado para Cabral e Adriana comparem R$ 5,1 milhões em joias. O ex-governador era tratado pelo codinome “João Cabra” e a ex-primeira-dama Adriana Ancelmo, por “Lourdinha”. A revelação foi feita por Vera Lúcia Guerra, gerente da loja no Shopping da Gávea, em depoimento na sexta-feira ao MPF. Agentes da PF também encontraram indícios de compras de cerca de R$ 4 milhões, desde 2007, em nome de um motorista do ex-governador. As joias teriam sido adquiridas pelo próprio Cabral, apesar de os registros encontrados estarem no nome do funcionário.

A quebra de sigilo fiscal de Adriana Ancelmo revelou que a ex-primeira dama aumentou seu patrimônio em dez vezes desde 2007, quando Sérgio Cabral tomou posse no governo estadual do Rio. O salto foi de R$ 2,078 milhões, em 2007, para R$ 21,7 milhões, no ano passado. As informações constam num relatório da Receita Federal, juntado aos documentos da Operação Calicute. A Lava-Jato investiga uma conexão entre os bilionários incentivos concedidos pelo ex-governador — cerca de R$ 140 bilhões em renúncia entre 2008 e 2013 — e contratos com o escritório de Adriana.

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