Presidente da Fiesp diz que Temer é contra aumento de impostos


BRASÍLIA – Acompanhado de outros dirigentes da entidade, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, se reuniu neste domingo com o vice-presidente Michel Temer, no Palácio do Jaburu. Skaf apresentou a Temer propostas da Fiesp para um ajuste fiscal feito sem aumento de impostos. A redução do tamanho da máquina governamental estaria entre as sugestões.

Na saída de uma reunião com Michel Temer, neste domingo, o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, afirmou que levou ao vice-presidente a proposta de um ajuste fiscal sem qualquer aumento de carga tributária para ser adotada num eventual novo governo. Segundo ele, Temer “concorda” com a ideia, mas nenhum compromisso foi assumido pelo vice, como abrir mão de uma nova CPMF ou cortar ministérios.

— Não vim pegar compromissos do vice-presidente, mas mostrar uma realidade que as empresas e as pessoas está passando — disse Skaf.

Questionado sobre o que ouviu de Temer depois de apresentar sua proposta de arrumar as contas públicas fazendo cortes nos gastos do governo, para evitar os “desperdícios”, sem aumentar impostos, Skaf não deu detalhes:

— Ele não é a favor de aumento de impostos. Ele respeita muito esse processo (de impeachment) que não está concluído, então se reserva.

O encontro com Temer durou cerca de seis horas no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente em Brasília, onde esteve, ontem, o ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Apesar da longa reunião, Skaf negou que tenha conversado com o vice sobre a composição de um eventual futuro governo ou que tenha recebido alguma sondagem para ocupar algum posto.

Filiado ao PMDB, Skaf se posicionou contrário a qualquer aumento de impostos, mesmo numa gestão do correligionário. Para o dirigente da Fiesp, falta “moral” ao governo para elevar tributos no país:

— O governo não teria moral de pedir à sociedade mais impostos. Tem que mostrar serviço primeiro, cortando despesas para acertar suas contas dentro do seu orçamento, como as famílias e as empresas fazem.

Skaf não detalhou, porém, quais despesas poderiam ser cortadas, apenas afirmou que há muito desperdício na máquina pública. Ele defendeu que uma reavaliação poderia preservar os programas sociais e, ao mesmo tempo, passar a credibilidade que o país precisa para ter um ambiente propício ao investimento. Tudo isso, na avaliação de Skaf, faria os juros caírem e culminaria na retomada do crescimento.

Paulo Skaf foi candidato ao governo de São Paulo, nas últimas eleições, pelo PMDB. É amigo pessoal de Temer e participou, junto com outros líderes empresariais, de um movimento a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff. Todavia, pessoas que o conhecem garantem que ele não tem interesse em assumir um dos ministérios de uma eventual equipe do vice-presidente da República.

Em entrevista ontem ao colunista Ilimar Franco, Temer disse que pretende anunciar todos os ministros de seu governo no mesmo dia em que o afastamento da presidente Dilma for aprovado no Senado. Mas se isso não for possível, ele diz que vai anunciar os ministros da área econômica – Fazenda, Banco Central e Planejamento. Foi com esse objetivo que se reuniu com empresários e banqueiros, com o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga; o ex-ministro da Fazenda Delfim Netto; o ex-ministro do Planejamento José Serra; e o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles.

Após uma reunião de cerca de duas horas no Palácio do Jaburu, Meirelles negou que tenha recebido convite oficial para assumir o Ministério da Fazenda em um eventual governo do peemedebista, mas, em entrevista coletiva ao final do evento, defendeu fórmulas para a retomada do crescimento em um discurso afinado com o que tem pregado o vice.

Nome mais cotado neste momento para comandar a equipe econômica em caso de impeachment, Meirelles disse estar sempre disposto a ajudar com aconselhamentos e afirmou que, pelas perguntas que Temer fez a ele durante a conversa, o vice está com o diagnóstico correto sobre a economia. Para o ex-presidente do Bacen, o principal é resolver a questão política.

fonte:Agência O Globo

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