Cosa nostra: tida como espanhola, a moça armada agora quer ser italiana

UMA DAS MAIS ESPALHAFATOSAS arautas do bolsonarismo, Carla Zambelli, bateu assas e voou para longe do Brasil, fugindo da Justiça, tendo a Itália como destino anunciado. Estrela da extrema-direita, eleita deputada federal por São Paulo em 2018 e 2022, coleciona denúncias, processos e condenações nas mais diversas esferas judiciais. Em 9 de maio a meliante foi condenada a 10 anos de cadeia.

EM JANEIRO DE 2025
, a citada indivídua teve cassado seu mandato de deputada federal por decisão do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TER/SP), que lhe aplicou a pena adicional de suspensão dos direitos políticos por oito anos. Penalidades decorrentes da divulgação em massa de notícias falsas com o objetivo de interferir no processo eleitoral de 2022. Desta condenação, cabe recurso à instância superior, portanto seguia ela na deputação. Useira e vezeira em infrações penais, foi condenada em várias ações, a maioria relacionada com calúnias, difamações, informações falsas.

LANCES ESCABROSOS
 outros não viraram processos, mas comprovam a delinquência da fugitiva bolsonarista. Lembra a Wikipédia que um dos casos mais notórios ocorreu em agosto de 2020, em pleno estresse da pandemia, quando a média de mortes por Coronavírus era de 900 pessoas por dia. No dia 19, a deputada divulgou que estava com Covid e faria uso da cloroquina (já se sabia que o medicamento era ineficaz contra o vírus), ganhando assim tremenda cobertura midiática; no dia 24, recolheu-se ao hospital CD Star, em Brasília, alegando que se internava para se tratar da infecção pelo Covid; no dia 26 informou ela que, graças a hidroxicloroquina, estava curada (!). Dois dias depois, o DF Star divulgou uma nota explicando que a parlamentar não havia sido infectada pelo vírus SARS-Cov-W2, e sua internação ocorrera para o tratamento de uma endometriose.

SOBRE A CONDENAÇÃO 
a dez anos de cadeia por hackeamento, poder-se-ia perguntar se a ação de dela seria semelhante à que levou o jornalista australiano Julian Assange a 14 anos de privação da liberdade. Ele é um herói da democracia. Seria a fulana uma heroína por ter hackeado também? A comparação exemplifica a diferença antagônica entre o ativismo pela democracia (dele) e o ativismo da extrema-direita (dela): Assange foi responsabilizado por divulgar informações verdadeiras de uma instituição (as forças armadas americanas), Zambelli foi responsabilizada por infiltrar informações falsas nos arquivos públicos de uma instituição (o Conselho Nacional de Justiça). O gesto dele foi heroico, expondo documentos verídicos de um arquivo secreto; o dela foi um ato covarde, introduzindo documentos falsificados num arquivo público.

OUTRO PROCESSO CORRENDO
 contra a fujona é igualmente exemplar: na véspera do segundo turno das eleições 2022, a deputada promoveu um horrorshow do tipo instinto selvagem. Cercada de capangas, sacou uma pistola do tamanho dum bonde e, de arma em punho, correu atrás de um eleitor adversário (desarmado) com quem tinha discutido um pouco antes. A cena de perseguição, por várias ruas paulistanas, foi fartamente filmada e divulgada para gozo dos adoradores da violência como método de resolução de conflitos. Na ação em andamento no STF, a pena sugerida para a candidata à pistoleira é de cinco anos de cadeia mais a perda de mandato. Além da ameaça de morte, a deputada incorreu em infração ao artigo 154-A da Resolução TSE 23.669/2021 que proíbe expressamente o uso de armamento para qualquer pessoa (que não seja policial em serviço), no período de 48 horas antes do pleito e até 24 horas após o encerramento das votações. Deixando o que restava do mandato para trás, a condenada fugiu do Brasil a mais de mil. Parodiando aquela canção italiana, “O brutta ciao! Brutta ciao! Brutta ciao! Ciao! Ciao!”. Mas que a Interpol lhe devolva ao solo pátrio em breve.

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