O que era para ser uma tarde de lazer e descanso à beira-mar transformou-se em tragédia neste sábado (3), na praia de Jacarecica do Sul, em Jequiá da Praia, Litoral Sul de Alagoas. Um advogado de 45 anos perdeu a vida e outras sete pessoas foram salvas após uma ocorrência de afogamento em massa que mobilizou um aparato aéreo e marítimo de resgate.
O chamado de socorro chegou às autoridades por volta das 16h10, alertando sobre várias pessoas em perigo no mar. O Corpo de Bombeiros Militar de Alagoas (CBMAL), junto ao Departamento Estadual de Aviação (DEA), foi rapidamente acionado. Uma complexa operação de resgate teve início envolvendo equipes por terra, mar e ar.
De acordo com informações apuradas, quando os guarda-vidas da praia de Lagoa do Pau, em Coruripe, chegaram ao local, seis pessoas já haviam conseguido retornar à areia com ajuda de banhistas e salva-vidas. No entanto, duas vítimas permaneciam em situação crítica, levadas pelas fortes correntes marítimas para áreas distantes da faixa de areia.
Operação de alto risco no mar
O primeiro resgatado ainda no mar foi um homem encontrado inconsciente. Ele foi trazido à costa por uma equipe de mergulhadores do Corpo de Bombeiros com apoio de um jetski. Apesar das tentativas de reanimação, o óbito foi constatado ainda na praia.
Enquanto isso, a segunda vítima lutava contra a força do mar a cerca de um quilômetro da areia. Um local onde o acesso por meios convencionais era impossível. A operação então exigiu o emprego de uma técnica especializada conhecida como helocasting — em que um resgatista salta de uma aeronave em movimento para realizar o salvamento direto na água.
Foi o sargento Cleto, do CBMAL, quem realizou o salto decisivo a partir do helicóptero Falcão 05, conseguindo alcançar e estabilizar a vítima. A operação contou com o apoio de uma segunda aeronave, o Falcão 06. Após o resgate aéreo, a vítima foi levada para atendimento por uma Unidade de Suporte Básico (USB) e, segundo a corporação, encontra-se em estado estável.
Vítima fatal: advogado de Arapiraca
A vítima que não resistiu foi identificada como Miguel Raimberg Falcão, um conhecido advogado natural de Arapiraca, no Agreste alagoano. Aos 45 anos, Miguel era uma figura respeitada em sua cidade e deixa familiares e amigos consternados com a fatalidade.
As circunstâncias exatas do incidente ainda estão sendo apuradas pelas autoridades. As investigações devem esclarecer se houve negligência quanto à sinalização de risco na área, a presença de redemoinhos ou correntes de retorno conhecidas como “rip currents”, que são comuns no litoral nordestino.
Risco invisível: o perigo das correntes de retorno
A tragédia deste sábado chama atenção para os perigos muitas vezes ignorados das praias brasileiras, especialmente em trechos mais isolados ou sem estrutura fixa de guarda-vidas. As correntes de retorno — que podem parecer simples agitações na superfície — são armadilhas fatais para banhistas desavisados. Elas puxam rapidamente as vítimas para mar aberto, muitas vezes impedindo o retorno mesmo de nadadores experientes.
Especialistas alertam que, ao perceber que está sendo levado para longe da praia, a recomendação é não nadar contra a corrente. Em vez disso, deve-se nadar lateralmente até escapar da zona de correnteza, antes de tentar retornar à areia.