A manhã desta quarta-feira (1º) foi marcada por mobilização na orla da Pajuçara, em Maceió, durante o ato do Dia do Trabalhador. A manifestação, organizada por centrais sindicais, movimentos sociais e partidos ligados à esquerda, reuniu centenas de trabalhadores com pautas voltadas à dignidade no trabalho. Entre as principais reivindicações, o destaque foi o apoio ao fim da jornada 6 por 1 — modelo que obriga o trabalhador a atuar seis dias consecutivos e folgar apenas um.
Com faixas e cartazes, os manifestantes defenderam ainda o imposto para grandes fortunas, a revogação da reforma trabalhista nos moldes atuais, o fim do assédio, a violência e a desigualdade contra mulheres no ambiente de trabalho. Eles se concentraram e fizeram um percurso em caminhada na orla utilizando um trio elétrico.
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que sugere o fim da escala de trabalho 6×1, por exemplo, está parada na Câmara dos Deputados e enfrenta resistência de algumas alas do Congresso. O texto é de autoria da deputada Erika Hilton (PSOL-SP) e propõe carga horária semanal de 36 horas, com quatro dias de trabalho e três dias de descanso.

A propositura ainda não recebeu despacho do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), mas deve começar a tramitar pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Depois, ainda passa por uma comissão especial antes de ir ao plenário.
Alas do Congresso acreditam que a matéria não será aprovada se a redação final sugerir três dias de folga e quatro de trabalho semanais. Nos bastidores, deputados do PSOL e do PT já admitem que o projeto sofrerá alterações para enfrentar menos resistência.

A proposta altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) para vedar a prática da escala 6×1, exceto em atividades que exijam funcionamento ininterrupto, como saúde e segurança pública. A mudança visa garantir ao menos dois dias de descanso semanal, o que pode representar uma importante conquista para categorias que enfrentam jornadas exaustivas, sem prejuízo à remuneração.

Para Dafne Orion, presidente do Sindicato dos Urbanitários de Alagoas, a proposta está diretamente ligada à saúde mental da classe trabalhadora. “O fim da jornada 6 por 1 vai representar, entre outras coisas, qualidade de vida e saúde mental para os trabalhadores”, declarou.
Ela também reforçou a luta pelo direito à água em Alagoas e elogiou a política do governo federal, que, segundo ela, passou a priorizar os mais pobres. “Ao invés de isentar impostos para jet skis, agora defende a isenção do imposto de renda para trabalhadores que ganham até R$ 5 mil.”
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Educação em Alagoas (Sinteal), Izael Ribeiro, também reforçou o impacto negativo da escala 6×1 em diversas categorias. “Essa jornada penaliza muitos trabalhadores, inclusive aqui em Alagoas”, disse, ao anunciar o início de uma greve da educação contra a política da Prefeitura de Maceió a partir do dia 5.
Representando a Frente Nacional de Lutas (FNL), Marcos Antônio Silva, conhecido como Marrom, destacou a aliança entre campo e cidade. “Os trabalhadores do campo estão ao lado dos trabalhadores da cidade pelo fim da jornada, mas também por mais qualidade de trabalho e saúde, porque se o campo não planta, a cidade não janta”, afirmou.
Outras pautas também marcaram o ato, como a defesa da Previdência Social, o combate à precarização das aposentadorias, a redução da jornada de trabalho sem corte de direitos e a isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil.