Durante a noite em uma estrada de barro não identificada, um motorista registrou em vídeo um vulto atravessando a pista. A gravação, de baixa qualidade, mostra o que aparenta ser a silhueta de uma figura humana — possivelmente feminina — mas a definição precária da imagem impede uma identificação conclusiva.
Embora o episódio tenha gerado especulação nas redes sociais, especialistas em psicologia e percepção visual apontam que fenômenos como esse são recorrentes, especialmente em contextos de escuridão, fadiga e isolamento. “O cérebro tende a completar padrões familiares, mesmo quando os dados visuais são incompletos. Isso é chamado de pareidolia”, explica o neurocientista André Marins, da Universidade Federal do Paraná.
Relatos semelhantes fazem parte do imaginário popular em diversas regiões do país. Na BR-116, por exemplo, motoristas relatam visões de uma suposta bailarina que teria morrido tragicamente na década de 1970. Em Rondônia, histórias envolvendo uma “noiva fantasma” que desaparece após pedir carona também são frequentemente compartilhadas por caminhoneiros.
Para a antropóloga Juliana Rocha, o ambiente das estradas contribui para a perpetuação dessas narrativas. “Há um simbolismo muito forte associado às rodovias: o perigo, a solidão, o desconhecido. Tudo isso favorece a construção de mitos”, afirma.
Ainda que a ciência ofereça explicações plausíveis, a dualidade entre realidade e lenda continua alimentando o fascínio popular. O vídeo mais recente não confirma uma presença sobrenatural, mas reacende um antigo debate: até que ponto o que vemos é real — e quanto é fruto da mente humana?
