O meia Miguelito, de 21 anos, que pertence ao Santos e atualmente está emprestado ao América-MG, foi preso em flagrante na noite deste domingo em Ponta Grossa (PR), acusado de injúria racial contra o atacante Allano, do Operário-PR. A detenção ocorreu logo após o confronto entre as equipes, válido pela sexta rodada da Série B do Campeonato Brasileiro. A Polícia Civil do Paraná confirmou a prisão com base na Lei nº 7.716/89, que tipifica crimes resultantes de preconceito racial.
Segundo o boletim policial, a ofensa teria ocorrido durante a partida e foi presenciada por Jacy, volante do Operário, que serviu como testemunha. De acordo com o relato inicial, Miguelito teria se dirigido a Allano com a expressão “Preto do c***”, o que motivou a imediata intervenção da Polícia Militar ao término do jogo. Os três jogadores foram levados à 13ª Subdivisão Policial de Ponta Grossa, onde Miguelito recebeu voz de prisão após prestar depoimento.
A Polícia Civil informou que está em processo de coleta de provas complementares e já acionou os canais de transmissão da partida por meio do departamento jurídico do Operário-PR. O objetivo é analisar imagens e registros de áudio que possam confirmar o teor da fala atribuída ao atleta. A investigação segue em andamento, e o inquérito deve ser concluído nos próximos dias.
Miguelito segue sob custódia e permanecerá detido até a audiência de custódia, que deve ser realizada ainda nesta semana. A pena máxima prevista para o crime de injúria racial, de acordo com a legislação vigente, é de cinco anos de reclusão. A situação tem repercutido entre dirigentes e entidades esportivas, embora ainda não haja manifestações oficiais dos clubes envolvidos.
O América-MG, responsável pela inscrição do atleta na Série B, e o Santos, clube detentor dos direitos econômicos do jogador, optaram até o momento pelo silêncio institucional. Miguelito disputou seis partidas nesta temporada com a camisa do Coelho, tendo marcado um gol. A expectativa é de que ambos os clubes se pronunciem nas próximas horas, especialmente diante da gravidade da acusação.
IMPUNIDADE!
O caso se soma a uma série de episódios recentes que reacendem o debate sobre o racismo no futebol brasileiro. Atitudes discriminatórias dentro e fora de campo têm sido cada vez mais denunciadas, impulsionadas pela mobilização de atletas, torcedores e entidades em defesa de um ambiente esportivo mais justo e igualitário. A prisão de Miguelito, em pleno exercício da atividade profissional, representa um marco simbólico no combate à impunidade desses atos.