O tempo desacelera por um instante. Um menino de cinco anos corre inocente em direção ao perigo, enquanto ao fundo dezenas de bois avançam como uma tempestade desgovernada. Em frações de segundo, uma cena que poderia figurar no roteiro de um drama épico se desenha: Matheus, 11 anos, se lança ao primo mais novo e o arrasta para o chão, segundos antes de a manada passar.
A cena, digna de cinema, foi registrada por uma câmera amadora no povoado Coruripe da Cal, na zona rural de Palmeira dos Índios, Agreste alagoano. O vídeo, divulgado pela mãe do garoto herói, viralizou nas redes sociais e ganhou o país — com direito a comparações cinematográficas e declarações emocionadas de internautas.
“Lembrei do Rei Leão agora”, comentou um usuário, fazendo alusão à clássica cena da animação da Disney em que o pequeno Simba é salvo pelo pai em meio a uma debandada de gnus.
Mas desta vez, não se tratava de animação, roteiro nem efeitos especiais. Era vida real. E por muito pouco, não virou manchete trágica.
Segundo testemunhas, o menino de cinco anos se soltou por instantes da supervisão dos adultos e correu sem saber do risco. Matheus, atento, percebeu que algo estava errado. Seu impulso não foi gritar, nem correr para longe — foi proteger. Ele agarrou o primo, se jogou com ele ao chão e os dois escaparam ilesos da fúria dos animais.
A coragem do menino foi tão grande quanto espontânea. Em entrevista a uma rádio local, a mãe de Matheus contou que, ao ver o vídeo, mal conseguiu conter as lágrimas. “A gente cria os filhos com amor, ensina o que é certo, mas a gente nunca imagina que eles vão se tornar heróis ainda tão pequenos”, disse emocionada.
Na internet, milhares de pessoas se uniram em um só sentimento: admiração.
“Com certeza será um homem de muitos princípios ”, escreveu um.
“Merece uma medalha de honra ”, respondeu outro.
Embora o vídeo tenha se espalhado como pólvora, os protagonistas da história seguem discretos. Matheus não quis saber de fama. Quando perguntado sobre o que sentiu, respondeu com a simplicidade que só as crianças possuem: “Eu só não queria que ele se machucasse.”
Em um tempo onde os heróis parecem distantes, essa história nos lembra que, às vezes, a maior bravura está onde menos esperamos — no gesto puro de uma criança que soube amar com ação.