Maceió (AL) – A noite de quinta-feira, 22 de maio, entrou para a história do futebol alagoano. No Estádio Rei Pelé, o CRB superou o Santos nos pênaltis por 5 a 4 e garantiu vaga nas oitavas de final da Copa do Brasil. Mais do que uma classificação, a vitória foi um símbolo: o triunfo da resistência sobre o favoritismo, do planejamento sobre o improviso e da coragem sobre a tradição.
Foi o tipo de confronto que define temporadas — e, para muitos, carreiras.
Uma muralha chamada Matheus Albino
Se o futebol insiste em criar heróis improváveis, o nome da noite foi Matheus Albino. O goleiro do CRB teve uma atuação monumental, defendendo tudo que podia (e o que parecia impossível) durante os 90 minutos, e coroando a noite com a defesa decisiva na cobrança de Zé Ivaldo, que selou a classificação regatiana. Mais do que defesas, ele foi o elo entre um sonho e sua concretização.
“Não importa o tamanho do adversário. Quando a gente joga com o coração, pode alcançar o impossível”, disse Albino ao fim da partida, visivelmente emocionado, com as luvas ainda sujas de barro e glória.
Santos com Neymar: roteiro hollywoodiano, execução frustrada
A expectativa era grande, e o enredo parecia cinematográfico: Neymar, de volta ao Santos, entrando em campo num jogo decisivo. O público, mesmo o visitante, sabia da magnitude daquele momento. Mas o roteiro não seguiu como previsto.
Apesar de um começo enérgico e uma atuação ativa pelo lado esquerdo, o Santos encontrou um CRB bem postado defensivamente. Neymar tentou mudar o ritmo, deu bons passes e exigiu defesas de Albino, mas faltou ao Peixe algo que sobrou ao adversário: frieza e objetividade.
Um CRB inteligente e implacável
Enquanto o Santos acumulava posse de bola e finalizações, o CRB apostava no jogo mental. Jogou com o relógio, com a ansiedade do adversário e com o fator casa. Foi seguro, estratégico e emocionalmente maduro. No ataque, assustou com Douglas Baggio e Danielzinho, mas soube esperar.
Na hora dos pênaltis, o time foi letal. Converteu cinco de cinco cobranças — cada uma com a calma de quem sabia que estava fazendo história.
Mais que futebol: o impacto
Com a vitória, o CRB fatura cerca de R$ 4 milhões em premiação, dinheiro vital para um clube que tenta se firmar nacionalmente. Mas, além do aspecto financeiro, a conquista marca um momento simbólico. Em um futebol brasileiro marcado pela disparidade entre centros e periferias, o Galo alagoano mostrou que organização, coragem e talento local ainda podem subverter qualquer roteiro.
Para o torcedor regatiano, esta quinta-feira não foi só uma classificação. Foi uma noite para lembrar por décadas. Para o Santos, fica a reflexão: ter um nome de peso não basta quando do outro lado há um time inteiro disposto a escrever sua própria lenda.