A pré-candidatura do ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB), ao governo de Alagoas em 2026 foi oficialmente confirmada por seu pai, o senador Renan Calheiros (MDB), e já começa a redesenhar o mapa político do estado. A possível volta do ex-governador ao Palácio Marechal Floriano Peixoto, após dois mandatos consecutivos entre 2015 e 2022, promete provocar mudanças estratégicas tanto na base governista quanto na oposição.
De acordo com Renan Calheiros, Renan Filho deixará o ministério em abril do próximo ano para disputar novamente o comando do Executivo estadual. A decisão recoloca o MDB como protagonista no cenário político local e antecipa um processo de articulações nos bastidores, em um momento considerado crucial para a configuração das eleições de 2026.
Prefeito JHC repensa planos e pode mirar Senado
Diante da força política do nome de Renan Filho, o prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PL), conhecido como JHC, avalia readequar sua estratégia eleitoral. Reeleito em 2024 com ampla votação, o gestor municipal era considerado o principal nome da oposição ao MDB. No entanto, aliados próximos indicam que ele estuda concorrer ao Senado, movimento que evitaria um confronto direto com o ex-governador e lhe permitiria manter influência política sem arriscar uma disputa majoritária estadual.
A possível mudança de rota evidencia o impacto da candidatura de Renan Filho e também aponta para um cenário de menor fragmentação da oposição, que ainda busca alternativas para viabilizar um palanque competitivo fora do eixo MDB–Calheiros.
MDB avança no interior com articulações silenciosas
Enquanto a oposição se reorganiza, o MDB intensifica sua presença no interior de Alagoas. Com apoio institucional da Associação dos Municípios Alagoanos (AMA), o partido tem promovido encontros com prefeitos e lideranças locais, numa tentativa de consolidar alianças e ampliar sua base eleitoral fora da capital.
A estratégia, que reforça o tradicional modelo municipalista adotado pelo grupo Calheiros, busca capilaridade e engajamento regional — fatores historicamente determinantes nas eleições estaduais. Analistas veem o movimento como parte de uma campanha antecipada, embora ainda não oficializada.
Rivais históricos sinalizam aproximação
Outro elemento que tem chamado atenção é a aproximação, ainda discreta, entre dois grupos que historicamente protagonizaram embates eleitorais em Alagoas: os Calheiros e os Caldas. Em declarações recentes, Renan Calheiros elogiou publicamente o trabalho do prefeito JHC e de seu pai, o ex-deputado João Caldas. A fala foi interpretada por setores da classe política como uma abertura para diálogo entre os dois campos — uma reaproximação que, se concretizada, poderia isolar o deputado federal Arthur Lira (PP), atual presidente da Câmara e adversário declarado dos Calheiros.
Perspectiva de embate triplo em 2026
Com Renan Filho como favorito natural, JHC estudando uma candidatura alternativa e Arthur Lira possivelmente buscando viabilizar um terceiro nome ao governo, Alagoas caminha para um pleito competitivo e polarizado. O cenário ainda é incerto, mas revela que alianças improváveis, reposicionamentos estratégicos e o peso das estruturas partidárias devem ser decisivos na construção das chapas.
Até abril de 2026, o tabuleiro deve continuar em movimento. E, como de costume na política alagoana, os bastidores falarão tão alto quanto as urnas.
