Lady Gaga, as bandeiras transformadoras, e o terrorismo

CASO EU ESTIVESSE, por acaso, no Rio de Janeiro na noite de 3 de maio, não estaria em Copacabana, endereço do espetáculo de Lady Gaga, com todo respeito à grande artista, dona de um imenso público em todo o mundo. Nada contra a superstar, até porque admiro os posicionamentos dela, ousados e corajosos. Mas, com o passar do tempo, fui ganhando aversão às multidões, embora siga me emocionando ao testemunhar, de longe, gigantescos ajuntamentos de gente em torno de alguma causa que considere justa.

LADY GAGA DEFENDE CAUSAS
 que considero justíssimas, e achei eletrizantes, emocionantes, as imagens da apresentação do sábado. Infelizmente, para mim, desconheço as músicas dela – e da maioria dos popstars de nosso tempo. No item das divas internacionais, fiquei num passado que não conheci, ouvindo, vez ou outra, Billie Holiday e, menos, Edith Piaf. Gostei demais, entretanto, da atuação de Gaga no filme Casa Gucci, interpretando Patrizia Reggiani. Assisti duas vezes. Mas vamos ao tema deste artigo, que não é artístico ou cultural – e sim político e policial.

ULTRAPASSANDO
, em determinados momentos, as notícias sobre o sucesso do espetáculo em Copacabana, a mídia nacional e internacional chamou a atenção para o planejamento de um atentado pela extrema-direita tresloucada contra o show da artista americana. A motivação para a tentativa terrorista seriam os posicionamentos de Lady Gaga em defesa de bandeiras consideraras pecaminosas pelo conservadorismo obtuso, como as causas LGBT, ecológicas, ideológicas, políticas. Em 3/2/2025, a revista MONET publicou: “A cantora Lady Gaga é um dos maiores ícones da comunidade LGBTQIA+. Durante seu discurso no Prêmio Grammy 2025 ela fez jus à sua idolatria ao celebrar as pessoas trans em um discurso antagônico aos posicionamentos transfóbicos do presidente norte-americano Donald Trump”. Essa coragem contestatória, civilizatória, é o que desperta o ódio do extremo conservadorismo.

DESBARATADA NUMA AÇÃO
 entre a Polícia Federal e a polícia do Estado do Rio de Janeiro, a tentativa terrorista visava um ataque aos segmentos LGBTQI+ e especialmente mirava menores de idade, alguns recrutados como algozes no empreendimento criminoso. Aplausos para as forças envolvidas, especialmente pelo trabalho unificado entre administrações dirigidas por rivais políticos. O esforço policial reuniu opositores viscerais: o governo carioca, comandando pelo PL, e o governo federal, pilotado pelo PT.

COMBATER OS GABINETES 
do ódio e da intolerância é uma obrigação cidadã. Não se pode hesitar neste quesito. Essa tendência mundial, no Brasil, tem tido a liderança do famigerado Zero-zero, cuja história política está integralmente ligada ao discurso odiento, intolerante e discriminatório. O dito mito “treinado para matar” sempre usou como caldo de cultura o terror contra os indefesos, e se expressa, sem disfarces, no culto a personagens abjetos, criminosos, sanguinários, como o finado coronel Ustra, um torturador covarde vergonhosamente promovido a “marechal”. Detonar explosivos contra um público (indefeso) reunido em torno de bandeiras “pecaminosas contra Deus e a família” é atitude tida como “patriótica” para gente desse quilate. Exemplo disso é o ato terrorista no Riocentro, frustrado em 30 de abril de 1981, pois um dos bandidos se explodiu ao manipular uma das bombas. Aquele ato criminoso, promovido por militares da ativa, foi acobertado pelo ditador de plantão, general Figueiredo, e as investigações foram arquivadas – depois de manipuladas. A História ensina: Não se pode dar tréguas a essa ideologia fascista, em nenhum momento. Toda atenção é pouca, pois essa cambada nunca desiste de jair tentando explodir algo e alguém como forma de se impor, inibindo e aterrorizando quem pense diferente.

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