TRUMP, O AUTOCRATA, têm encontrado alguma resistência democrática em território americano. Não confundir com os muxoxos do Partido Democrata, acanhado e submisso. São ações corajosas, apartidárias, pela via legal na maioria dos casos, atos ainda isolados, mas extremamente importantes para o povo estadunidense e para o resto do globo.
ESTE É O CASO da decisão proferida na quarta-feira, dia 28, pela Justiça estadunidense, através do Tribunal de Comércio Internacional, em Nova Iorque, bloqueando o “tarifaço” trumpista. Relata O Globo: “Para os magistrados, presidente excedeu sua autoridade. A Casa Branca recorreu da decisão”.
TRUMP, O OLIGARCA, trabalha em função das chamadas big techs e demais megainvestidores, cujos objetivos trombam com o do resto da economia nos Estados Unidos e do planeta. O “tarifaço” imposto por Donald no primeiro momento de seu retorno à Casa Branca, prejudica, em primeiro lugar, os consumidores americanos e a maioria dos empresários estabelecidos em solo estadunidense; em segundo lugar, embaralha e trava o comércio internacional, criando problemas para não só os “adversários”, mas prejudicando aliados dos ianques.
NÃO É NOVIDADE O CERCEAMENTO abrupto da liberdade de comércio por parte de nações capitalistas, em iniciativas autoritárias e nacionalistas, independentemente do discurso liberal, ou não, de seus líderes. Adolf Hitler, por exemplo – condutor inconteste de um regime autoritário baseado na livre iniciativa, na propriedade privada, e num capitalismo planejado e agressivo – teve como um de seus pilares econômicos dificultar as importações, usando como justificativa o esforço concentrado para a Alemanha recuperar a proeminência de potência mundial perdida na I Grande Guerra. Era a Die Autarkiepolitik, comandada por Herman Göring por nomeação expressa do Führer. Foi, à época, algo como “Make Alemanha Great Again”, uma MAGA sem boné vermelho, mas o mesmo conceito. O mundo “livre” ocidental não só se calou, mas se submeteu, dando sua contribuição ao soerguimento da potência germânica, acreditando piamente que os únicos alvos dos nazistas seriam os comunistas e os judeus. Foram também, e os mais vilipendiados em todo o processo, mas os supremacistas arianos queriam o mundo todo, e quase conseguiam seu intento.
TRUMP, O TIRANO MULTIMILONÁRIO, almeja ser um Adolf de bonezinho MAGA, um Maduro dos ricaços, um Putin ocidental, um Papa Doc branco, ou um qualquer dos imexíveis do poder que a cultura oficial WASP (White Anglo-Saxon Protestant, em tradução livre: Branco, Anglo-Saxão e Protestante) abomina em palavras e inveja em silêncio. O desrespeito às leis vigentes, a eliminação das normas éticas, o uso e abuso dos preconceitos de todos os tipos, o supremacismo racial… são os marcos regulatórios, os princípios norteadores dos comportamentos e das políticas de gente como Donald, Elon et caterva. Para esses seres, as leis são travas inaceitáveis ao lucro máximo e precisam ser expurgadas imediatamente – seja a legislação de seu próprio país ou as normas legais de países alheios, a resposta é a mesma: Big Stick no lombo de quem ousar se opor.
MAS A RESISTÊNCIA EXISTE! Nos Estados Unidos e no resto do planeta. A decisão do Tribunal de Comércio Internacional (um órgão norte-americano) é uma prova de que nem tudo está perdido. E, mesmo que a maioria conservadora em tribunais superiores, como a Suprema Corte, possa anular decisões corretas das instâncias anteriores, valem essas decisões, com a do dia 28, como estímulo à luta democrática na América do Norte e em todo o globo. Não se dobrar é o primeiro passo. Paciência e firmeza são as atitudes corretas para o caminhar nesse vale das sombras do poder trumpista. No fim dessa trilha lúgubre, mais cedo ou mais tarde, o sol nascerá novamente. Até lá, é lutar.
Contra a penumbra autoritária, a Justiça precisa ser a luz no começo do túnel
