Alagoas sob as águas: colapso urbano, dor e resistência em meio ao caos climático

Com rios transbordando e ruas submersas, Alagoas enfrenta uma das maiores crises causadas por chuvas dos últimos anos; mais de 370 pessoas já foram obrigadas a deixar suas casas.

Fonte: Redação

A força da natureza desabou sobre Alagoas com uma intensidade que vai além dos números. Mais de 370 pessoas já deixaram suas casas, ruas viraram rios e a paisagem urbana se transformou em um retrato de emergência climática. O estado enfrenta uma das mais severas crises hidrológicas dos últimos anos, com consequências que ultrapassam a estrutura física das cidades — impactam, sobretudo, vidas.

A Defesa Civil Estadual decretou alerta máximo em diversas regiões. O volume de chuva em Maceió, por exemplo, ultrapassou em 72 horas o que era previsto para todo o mês: mais de 300 mm de água, superando a média de 294,7 mm. Os efeitos são visíveis — e devastadores.

Rios que viraram monstros

Rios e lagoas de Alagoas se revoltaram contra seus leitos. Em Flexeiras, o Rio Jitituba transbordou, cobrindo ruas, invadindo casas e isolando bairros inteiros. Em Pilar, a Lagoa Manguaba ultrapassou os limites e atingiu comunidades vulneráveis, atingindo moradores já habituados a conviver com riscos, mas que agora enfrentam um colapso sem precedentes.

São Luís do Quitunde virou símbolo do desastre: ruas submersas, moradores ilhados e uma tragédia anunciada. A cidade, praticamente cercada pelas águas, ainda registrou o desabamento de uma barreira na manhã desta quarta (21), com uma vítima ainda sem estado de saúde confirmado pelas autoridades.

Famílias desalojadas e perdas irreparáveis

O boletim da Defesa Civil aponta 76 desabrigados — pessoas que perderam completamente suas casas — e 301 desalojados, que tiveram que sair temporariamente. As imagens que circulam nas redes sociais mostram móveis boiando, eletrodomésticos destruídos e crianças sendo resgatadas em bacias plásticas.

Em cidades como Passo de Camaragibe, a população enfrenta a lama, a correnteza e o medo do que ainda está por vir. Já em São Miguel dos Milagres, ruas turísticas se transformaram em canais intransitáveis, afetando também o pequeno comércio local e o turismo.

Estradas cortadas e o país isolado dentro do estado

A tragédia também atinge a malha viária. A BR-316, importante eixo rodoviário, foi interditada em Colônia Leopoldina após deslizamentos de pedras. O DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) atua com cautela na região, temendo novos desmoronamentos.

Além disso, diversos trechos de vias estaduais estão comprometidos, dificultando o acesso das equipes de resgate e a entrega de mantimentos para famílias isoladas.

O clima não dá trégua

Segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), a previsão continua crítica. O estado segue sob alerta vermelho até às 15h desta quarta-feira (21), e o alerta laranja permanece até o fim do dia, com novas pancadas de chuva previstas.

As autoridades reforçam o pedido para que moradores de áreas de risco se desloquem para locais seguros e sigam atentamente os comunicados oficiais. A qualquer momento, o quadro pode piorar.

Resistência e solidariedade

Em meio ao caos, há também demonstrações de força comunitária. Moradores se uniram para construir barreiras improvisadas, oferecer abrigo, repartir alimentos e apoiar quem perdeu tudo. Igrejas, escolas e sedes de associações comunitárias estão servindo de refúgio.

A Arquidiocese de Maceió e organizações civis iniciaram campanhas de arrecadação de donativos. Água potável, roupas secas, alimentos não perecíveis e produtos de higiene são as principais demandas.


Se você ou alguém próximo está em área de risco, entre em contato com a Defesa Civil: 199 ou (82) 3315-2840.

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