RUGIU COMO UM RATO, novamente, o bolsonarismo, em manifestação no domingo, 06. Convocado para reunir “um milhão”, o ato em torno de Jair Messias, na Avenida Paulista, segundo o publicado pelo insuspeito Estadão, teria ajuntado um pouco menos de 45 mil extremistas. Novamente o pastor Malafaia serviu como biombo para justificar os gastos com a convocação, que desta vez teve o reforço de sete governadores de Estado. Novamente, flopou.
EMBORA O ATO NA PAULISTA tenha arrastado mais gente que o evento semelhante realizado na praia de Copacabana, em 16 de março, cujos cálculos oscilaram entre 18 mil e 30 mil presentes, há de se considerar a diferença de população entre as duas cidades – como bem lembrou o jornalista Reinaldo Azevedo, fundamentando que a manifestação paulistana foi menor que a carioca, em termos proporcionais. A cidade do Rio de Janeiro tem 6,7 milhões de viventes e a pauliceia desvairada conta com 11,5 milhões de moradores. E considerando os sete governadores engajados, aí é que flopou mesmo.
MOBILIZANDO O GROSSO DAS FORÇAS de direita, o convescote bolsonarista serviu para testar a resiliência dos extremistas do golpismo no Brasil. Apesar de fracassado do ponto de vista dos objetivos centrais de seus líderes (reunir perto de um milhão de participantes e causar impacto capaz de intimidar à Justiça e ampliar a adesão à tese da anistia no Congresso Nacional), comprovou a competitividade dessas facções delinquentes para as próximas eleições. Continuam sendo um risco à Democracia.
AINDA NO QUESITO “presença dos governadores”, é importante perceber que vários destes luminares estavam no palanque para aparecer na fita ao lado do futuro condenado, torcendo pela condenação do dito cujo mito e lutando para herdar seus votos em 2026, como bem destacou o analista Ricardo Correia (no Estadão): “Depois de chamarem ataques de 8 de janeiro de ‘terrorismo’, ‘barbárie’ e ‘cerceamento de direitos’, Tarcísio, Zema, Caiado e Ratinho agora defendem anistia de olho em dividendos na direita em 2026”. Para Correia, editor da coluna Traduzindo a Política, esses governadores, de olho em suas próprias candidaturas fazem o cálculo político que “estar no palanque é negativo e até incoerente com o que já disseram, mas serem cancelados pela máquina bolsonarista que controla a direita seria fatal para seus destinos políticos”.
ROTULADA COMO “Manifestação do batom”, a pândega bolsonarista na Paulista teve cenas hilárias, como um senador capixaba, trôpego, sendo arrastado por dois auxiliares, e várias brigas entre bolsonaristas. Mas o pícaro do patético daquele domingo foi o ex-capitão jair falando num idioma que ele apresentou como sendo “inglês”, em palavras mais ou menos assim: “Popecorne. Aicecrem. Centenced cup détate Bréziu”, e que para a revista Fórum, seus tradutores só teriam conseguido identificar – além do “Brazil” – três palavras: “ice cream” (sorvete), “pop corn” (pipoca) e “cup” (golpe), o que remeteria a uma dúvida: “O que será que o ex-presidente tentou dizer: que adoraria ficar em casa comendo pipoca e sorvete após aplicar um golpe de Estado? Nunca saberemos”.
JAIR, O FALSO MESSIAS, segue apostando no grotesco, no bizarro, no cinismo, no escalafobético como cortina de fumaça para o cometimento de crimes ordinários (como a vinculação a milicianos, o enriquecimento inexplicável…), de atentados contra o Estado Democrático de Direito, e na defesa da impunidade absoluta para si próprio. Bufão de circo dos horrores. Mas, não é nada risível constatar tão bisonho meliante manter cativa, sob sua mitologia vagabunda, parcela significativa do eleitorado brasileiro.
Estrebucha o bolsonarismo, mas resiste em ir para a cova
