Trump e seu efeito reverso: a direita é derrotada no Canadá

ATÉ À BOCA DAS UNAS canadenses, o Partido Conservador era o franco favorito. Talvez menos por suas ideias à destra, mas mais pelo desgaste natural da centro-esquerda depois de uma década de poder, somado à crise econômica naturalmente atroz para qualquer força que se demore no governo. Mas deu chabu para a direita no Canadá na eleição para o estratégico cargo de primeiro-ministro. O Partido Liberal, cuja derrota era líquida e certa, ganhou o posto, anteontem.

PUBLICOU, ONTEM, A BBC: “Até o retorno de Trump ao poder, o Partido Conservador mantinha o que parecia ser uma vantagem grande e insuperável nas pesquisas de opinião, em meio à insatisfação geral com o estado da economia canadense e quase uma década de governo liberal (…). A constante insistência do presidente dos EUA em relação a seu vizinho a norte e as provocações sobre fazer do Canadá o 51º estado americano coincidiram com uma reversão dramática na sorte do partido de centro-esquerda”. (…) “Carney [o eleito] concentrou sua campanha e suas políticas nos últimos meses quase que exclusivamente em seu vizinho, e isso se refletiu em seu discurso de vitória. ‘O presidente Trump está tentando nos destruir para que os Estados Unidos possam nos possuir. Isso nunca acontecerá’, disse o premiê”.

TAÍ, TRUMP FEZ UM BEM ao mundo: evitou uma vitória da direita. Só o mais profundo sentimento de vira-lata em parte significativa do eleitorado de um país, qualquer país, pode se regozijar com um mito nacional batendo continência para a bandeira de uma outra nação, e balbuciando para um presidente alheio “I love you!”, entre ais e uis languidamente suspirados. No Canadá nem precisou o candidato favorito, direitista, elogiar o vizinho galego d’água doce; bastou ficar calado, baixar a cabeça frente às asneiras do presidente norte-americano, e parte de seu eleitorado o deixou de lado. Lascou-se. Tão grande era a evidência de vitória folgada do conservadorismo canadense, que na votação proporcional, o Partido Conservador elegeu uma grande bancada.

TRUMP ERRA ATÉ QUANDO ACERTA, como no caso de sua lapada no governo ucraniano. Zelensky é indubitavelmente um provocador, um fascistóide que chegou ao poder unindo seu talento pessoal como humorista a uma onda de violências neonazistas comandada por grupos terroristas como o “Batalhão Azov” (usando símbolos abertamente hitleristas). Trump, nem tão discretamente, reconheceu as razões da Rússia na guerra. Acertou. Pronto: boa parte da Europa abraçou mais ainda o neofascista Volodymyr Zelensky e sua trupe, despejando em seus bolsos o dinheiro (negado por Donald) que os cofres europeus não têm. E Vladmir Putin, que também não é flor que se cheire, ampliou sua rejeição entre os próceres e a imprensa do Velho Mundo por conta dos cheiros que Trump lhe deu no cangote. Em resumo, a situação ficou mais ruça para Moscou e para Washington.

VOLTANDO A BBC, lá está (bem) dito que “O líder do Partido Conservador canadense tem algumas semelhanças com o presidente americano: é favorável à diminuição do governo, à redução dos impostos e dos serviços sociais e à promoção da produção de combustíveis fósseis. Assim como Trump, ele também critica o que chama de uma cultura esquerdista ‘woke’. Uma vitória conservadora nesta eleição teria sido vista por muitos — nos Estados Unidos e em todo o mundo — como um novo sinal de que a vitória de Trump no ano passado foi mais do que apenas um evento americano isolado. Teria representado o que muitos na órbita de Trump gostam de acreditar ser um movimento global em direção à sua marca de política culturalmente conservadora”. Teria. Mas Trump não produziu metástases fora dos Estados Unidos, ainda. O planeta, no pós-eleição canadense, despertou mais otimista.

Leia a reportagem completa da BBC >> https://www.bbc.com/portuguese/articles/cgenvl5zr41o

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