Segundo pesquisadores, pessoas deprimidas têm uma probabilidade 2,2 vezes maior de acreditar em notícias falsas sobre a vacinação
Um estudo conduzido por pesquisadores do Massachusetts General Hospital (MGH), nos Estados Unidos, concluiu que, quando se trata de desinformação envolvendo a vacina contra a Covid-19, os adultos com sintomas depressivos são os mais suscetíveis a acreditar em mentiras. Para os autores, essas pessoas costumam ter um olhar pessimista, portanto, tendem a acreditar em notícias falsas que invalidam a segurança do imunizante.
De acordo com a pesquisa, pessoas deprimidas têm uma probabilidade 2,2 vezes maior de apoiar notícias falsas sobre a vacinação, e além disso, são 2,7 vezes mais propensos a não querer tomar o imunizante contra o Sars-CoV-2. O artigo foi publicado na última sexta-feira (21/1), na revista científica JAMA Network Open.
As evidências fazem parte de uma análise de perfis com 15.464 adultos de todos os 50 estados dos EUA. Essas pessoas responderam a dois questionários na internet entre maio e julho de 2021 – o primeiro era relativo a sintomas depressivos e o segundo, às vacinas contra o coronavírus.
“Uma das coisas notáveis sobre a depressão é que ela pode fazer com que as pessoas vejam o mundo como um lugar perigoso. A partir disso, concluímos que aqueles que pensam assim podem estar mais inclinados a acreditar que as vacinas são perigosas – mesmo que não sejam”, afirma o líder do estudo Roy H. Perlis, chefe associado de pesquisa do Departamento de Psiquiatria do MGH.
Logo após coletar as respostas, o grupo de pesquisa comparou as informações para saber se os sintomas depressivos tinham ligação com a tendência a confiar em notícias falsas sobre a vacinação. Ao analisar os questionários de pessoas com sinais moderados ou altos de depressão, os cientistas perceberam que elas foram mais propensas a confiar em pelo menos em uma das quatro declarações falsas sobre a vacina no questionário posterior.
Nova análise
O experimento foi repetido dois meses depois com 2.809 voluntários para avaliar se os sintomas da depressão antecediam a propensão a acreditar nas fake news. O objetivo era descartar a hipótese de que as mentiras aumentam os índices de condição, e os cientistas concluíram novamente que a tendência depressiva é a responsável por elevar a rejeição a vacina, e não o contrário.
“Embora não possamos concluir que a depressão causou essa suscetibilidade, olhar para uma segunda onda de dados pelo menos nos disse que a doença veio antes da desinformação. Ou seja, não era a desinformação que estava deixando as pessoas mais deprimidas”, declara Perlis.