Vendedores das barracas de fogos da Praia da Avenida avaliam como positivos os números desse ano; já no milho, as o produção de comidas típicas continua a todo vapor, assim como a procura pelo produto

Apesar das restrições da pandemia, os festejos juninos não passam em branco para os alagoanos. Esperando números menores, os vendedores de milho e fogos, vendas sazonais que mais se destacam nesse período, dizem ter se surpreendido positivamente com a procura. Nesta quarta-feira (23), véspera de São João, principal data do mês, os clientes tem feito de 2021 um ano mais aliviado para os comerciantes que tiveram um enorme prejuízo por conta da pandemia em 2020.
“Um ano perdido é um ano perdido. Dívidas se acumularam. Em 2020 estávamos proibidos de vender e foi um prejuízo sem tamanho”, afirma Gessiane Alves, que há 40 anos vende fogos com a família em um barracão da Praia da Avenida, em Maceió.

Ela destaca que, após as perdas do ano anterior, a expectativa estava muito baixa para o retorno das vendas esse ano, mas que todos foram surpreendidos com a grande procura. “Ficamos extremamente receosos. Não é o melhor dos cenários, vendíamos muito no horário da noite e, com o decreto, estamos restritos. Mas, mesmo assim, está positivo”, avalia.
Gessiane aponta ainda que o consumo dos fogos neste ano de continuidade da pandemia mostra uma população consciente com a realidade que estamos vivendo. “Por aqui está saindo mais traque. Coisas sem muita fumaça ou barulho. Estão respeitando o acontecimento, a maioria das coisas são paras crianças, para não passar em branco”, conta.
Elania Batista, que também vende fogos em um dos barracões da orla desde criança, destaca, ainda, que os impactos econômicos de alguns materiais, os preços dos fogos aumentaram consideravelmente. “O preço dos fogos aumentou de 20 a 30%. O próprio traque, que usa prata na produção, teve o valor impactado. Mesmo assim, as vendas estão equilibradas. O que mais tem saído é traque, chuvinha e bombinha, as coisas mais infantis. Estamos com um estoque menor e não fizemos o pedido de alguns materiais importados”, explica a comerciante.

Milho
Por outro lado, na venda do milho, que não foi interrompida em 2020, os comerciantes relatam não terem sentido impactos muito significativos com a pandemia. Bruno Alves, um entre os vários vendedores do cereal que se distribuem na Praça da Faculdade, aponta que os números das vendas seguiram sem problemas. “Hoje aqui temos mais de 100 mãos de milho [o que soma mais de 5.000 espigas]. Isso dá para os próximos três dias. Sexta já vai estar no fim”, contabiliza o comerciante.
Em outro ponto da praça, Daniel Lima, também vendedor, afirma que este ano as vendas do produto estão mais positivas do que em outros anos. “Está 40 reais uma mão. Nós faturamos entre 6 a 10 mil reais no fim do mês. O povo não deixou de comprar”, afirma.
Para seu Valter, comprador do local, isso se explica pela tradição que os festejos juninos carregam. “Lá em casa é de pai pra filho. Todos os anos nos encontrávamos. Do ano passado para cá não fizemos fogueira e no ano passado nem a compra do milho eu fiz. Mas esse ano não passaremos em branco. É uma tradição muito forte”, conclui.
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