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Adianto aqui um resumo dos trágicos acontecimentos que castigaram o Brasil há 60 anos, entre 30 de março e 1º de abril, datas decisivas para o golpe militar. Vamos por partes:

1 – GOLPE MILITAR, SIM
Esse papo de “golpe civil-militar” é enrolação, conversa para o gado dormir. Lógico que muitas lideranças civis armaram e participaram da intentona de 64, mas esses paisanos golpistas foram, por sua vez, golpeados pelos fardados – viraram coadjuvantes subservientes. Carlos Lacerda é o maior exemplo dessa rasteira: líder inconteste pela insurreição desde 1954, dançou em 64 – foi cassado e teve a carreira política liquidada.

2 – CIVIS EXCLUÍDOS
Lideranças civis imaginavam usar as forças armadas para destituir seus adversários nacionalistas cheios de votos (Jango, JK, Brizola…), alijá-los das eleições seguintes e então – sem concorrência – ocupar o poder pelo voto, em 1965. Magalhães Pinto, governador de Minas Gerais, até que tentou se antecipar (ao próprio Lacerda, governador da Guanabara) no dia 31 de março, dando corda ao General Mourão em sua aventura pessoal de virar a mesa. Mas não emplacou, pois os de farda já haviam definido que ficariam com o poder total e absoluto.

3 – MOURÃO, O PRECOCE
Olímpio Mourão Filho estava no comando da 4ª Região Militar, em Minas Gerais, quando resolveu tomar a iniciativa de dar um golpe de Estado antes que seus colegas de farda fizessem isso. No alvorecer de 31 de março, colocou suas tropas em marcha, a caminho do Rio e de Brasília. Mas aquele dia se findou com suas forças rebeldes estacionadas e com João Goulart na presidência da República. Nenhum dos conspiradores militares de alta patente confiava no general mineiro, nem o presidente decidia contra-atacar, e o golpe empacou – não aconteceu naquela data.

4- BRIGAS NA CASERNA
Unânimes no quesito “destruição da Democracia”, os conspiradores de alto coturno desconfiavam um do outro e travavam sua guerra interna nas casernas. Na caverna, generais, almirantes e brigadeiros arengavam na preparação geral e nas tentativas isoladas de golpes (como Jacareacanga e Aragarças). Engalfinhavam-se para definir qual grupo seria o Manda-Chuva e quem seria o ditador no pós-golpe. Em 31 de março, nenhum comandante de tropa ficou ao lado de Mourão, alvo da desconfiança de todos os demais sediciosos.

5 – MILITARES PELA DEMOCRACIA
Muito se falava sobre o “esquema militar” de João Goulart e se esperava (e se temia) uma ordem do comandante supremo das Forças Armadas para o recontro com os amotinados. Mas isso não aconteceu. Talvez por decisão isolada de Jango, talvez pela pouca disposição de parte significativa dos oficiais superiores ao combate. Mas é fato que muitos na tropa defendiam a Democracia com firmeza: depois da vitória dos golpistas, 6.591 militares sofreram punições graves, desses muitos foram presos e torturados, assassinados – segundo levantamentos posteriores (ainda incompletos) feitos pela Comissão da Verdade.

6 – PRIMEIRO DE ABRIL
Enfim, o golpe tentado desde 1954 ganhou a parada tão-somente no final do dia 1º de abril de 1964. João Goulart não renunciou, abrigou-se no Rio Grande do Sul – viajou num avião da FAB pilotado pessoalmente pelo brigadeiro Othon Correia, alagoano e herói da II Grande Guerra Mundial. A verdade é que naquele Dia da Mentira os golpistas venceram, depois de 10 anos de derrotas. Nas primeiras horas de 2 de abril de 1964, sob a mira das armas, o Congresso Nacional foi “convencido” a declarar vaga a presidência da República.