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Cássio Barbosa explica as características do cometa C/2022 E3 (ZTF) e por que ele demorou 50 mil anos para voltar a passar pela Terra. Ele será visível do dia 1° ao dia 10 no Hemisfério Sul.

O cometa C/2022 E3 (ZTF) passará pela Terra depois de 50 mil anos desde a sua última aparição. No Brasil e em todo Hemisfério Sul ele será visível a partir do dia 1° de fevereiro e deve permanecer localizável no céu até o dia 10.

Abaixo, veja dicas valiosas para aumentar sua chance de acompanhar a rara aparição do astro, que terá uma coloração esverdeada.

1. O que é preciso para encontrar o cometa passando pelo céu?

Cássio Barbosa, astrônomo do centro universitário FEI, explica que é preciso estar em um local bem escuro. Isso porque o cometa está com um brilho considerado fraco, no limite do que o olho humano consegue captar. Como a Lua está em fase crescente, seu brilho pode atrapalhar. Para ver com nitidez, ele recomenda um binóculo, mas é possível enxergar a olho nu.

Como ele muda muito de posição de uma noite para outra, o melhor jeito é se valer da ajuda da tecnologia. Existem aplicativos gratuitos, como o Stellarium e o Star Walk, que permitem ver a localização dos astros no céu e saber para onde é preciso olhar.

  • Na noite do dia 4 ele estará muito perto de uma estrela brilhante azulada chamada Capela, apontando para o Norte;
  • Já no dia 10 estará muito próximo de Marte, que emite um brilho alaranjado, e está localizado na constelação de Touro. Ou seja, um pouco mais no alto, já que Capela fica mais próxima do horizonte.

2. Durante quantas noites será possível ver o cometa?

A partir de 1° de fevereiro até o dia 10 o cometa será visível durante a noite em sua trajetória pelo céu do Hemisfério Sul.

3. Do que é feito um cometa?

O astrônomo diz que um cometa é uma grande rocha coberta de “gelo sujo”, porque outros materiais estão embutidos em sua composição.

4. Por que demora tanto para passar pela Terra?

Esse cometa vem da região que a gente costuma dizer que é o reservatório dos cometas de longo período, a Nuvem de Oort, que é uma sobra da formação do sistema solar, como se fosse uma bolha muito distante.

De vez em quando uma dessas bolas de gelo mergulha nas imediações da Terra. Pela grande distância e por causa da fraca atração exercida pelo Sol, o cometa demora a passar.

Segundo o astrônomo, a parte mais acelerada da trajetória será quando ele passar perto do Sol. Se a sua órbita não for desviada por Júpiter, Saturno ou pelo próprio Sol ele acabará voltando para a nuvem. Isso foi o que ocorreu com o E3, que volta agora.

5. Tem como prever quando o cometa voltará?

Não. Porém, quando estiver passando próximo a Júpiter será possível ter uma ideia da perturbação exercida pela gravidade do grande planeta, o que pode ou não desviar a órbita do astro.

Além disso, ele pode rachar ou sofrer erupções muito fortes que podem acabar despedaçando-o, o que acontece várias vezes, segundo o astrônomo.

“Sofrendo essa atração de Júpiter ele pode inclusive passar a ter uma órbita menor”, diz Barbosa.

6. Como os astrônomos sabem que ele já passou por aqui?

Barbosa afirma que a velocidade de chegada do astro é o que permite chegar à conclusão.

“Quando ele está chegando perto do Sol, ele vem com uma velocidade, e como a gente sabe que é o Sol que está atraindo a gente pode fazer o cálculo ao contrário a partir da velocidade e da aceleração que o Sol fornece, para então a gente ver qual era a distância dele”, diz.

Assim se determinou que ele saiu há 50 mil anos de uma região perto da Nuvem de Oort, de onde frequentemente alguns astros partem e para onde retornam depois de percorrer sua própria órbita.

7. Existem outras cores de cometa?

A maioria dos cometas tem uma cor esbranquiçada, com uma leve tendencia para um amarelo pálido. Além dos tons claros, o esverdeado é o mais comum por causa da presença do cianeto.