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Ao todo, 16 barragens estão no limite da reserva. Duas já foram completamente zeradas

A crise hídrica tem se agravado, e os níveis dos reservatórios apresentam volume útil cada vez mais baixo, o que leva o governo se preocupar com a capacidade de manter a geração no patamar necessário.

Ao todo, barragens de 16 usinas estão com menos de 20% do volume total. Isso significa que 41% dos 39 reservatórios encontram-se com o armazenamento de água abaixo de um quinto da capacidade. Os dados foram analisados pela reportagem com base na medição do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

Para o leitor ter dimensão de como a estiagem se agravou e tem castigado as reservas, em maio o Metrópoles mostrou que 25% dos reservatórios de hidrelétricas operavam com nível abaixo de 30%. Dez dos 39 estavam no limite da reserva.

O baixo nível das barragens pode levar a uma situação de estresse elétrico e, até mesmo, a apagõesO ONS registrou a segunda usina com 0% da capacidade do volume útil, a represa de Três Irmãos, localizada no município de Pereira Barreto, no interior do estado de São Paulo.

Na semana passada, a usina de Ilha Solteira, também em São Paulo, registrou 0% do volume considerado útil. Essa é a maior hidrelétrica do estado.

As duas fazem parte do subsistema Sudeste/Centro-Oeste, responsável por 70% da geração hídrica de energia do país. O mais castigado do Brasil, esse subsistema apresenta apenas 17,55% da capacidade total. No mesmo período do ano passado, o índice era de 39,6%.

Além de Três Irmãos e Ilha Solteira, outros seis casos são preocupantes, com os reservatórios registrando níveis entre 8% e 11% da capacidade total (veja cenários ainda mais críticos na lista abaixo).

Em junho, o ONS alertou que ao menos oito reservatórios de algumas das principais hidrelétricas do país, na bacia do rio Paraná, poderiam chegar ao fim do período seco deste ano, no segundo semestre, com os volumes de armazenamento no zero ou perto do índice.

Veja nível dos reservatórios com % mais baixas:

  • Reservatório Marimbondo (SP/MG) – 8,93%
  • Reservatório Emborcação (GO/MG) – 10,23%
  • Reservatório Itumbiara (GO/MG) – 10,53%
  • Reservatório Mauá (PR) – 10,60%
  • Reservatório Nova Ponte (MG) – 10,82%
  • Reservatório Água Vermelha (SP/MG) – 11,04%

Seca dará trégua?

Segundo estimativas de especialistas, a crise hídrica não deve dar trégua até dezembro. Com isso, o risco de apagões ou de racionamento, devido à geração insuficiente de energia, está cada vez maior.

A meteorologista Naiane Araújo, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), explica que no fim da primavera, estação iniciada na quarta-feira (22/9), há perspectivas para o retorno de chuvas. A especialista participou de uma reunião climática no órgão que discutiu a previsão para os próximos meses.

Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul ainda enfrentarão seca, mas de forma menos severa. A Região Sul sofrerá com o fenômeno La Niña, que provoca o resfriamento da temperatura da superfície das águas do Oceano Pacífico Tropical Central e Oriental e gera uma série de mudanças nos padrões de chuvas.

“Teremos outubro e novembro com uma situação complicada, mas em dezembro o panorama é mais favorável, quando chegamos ao fim da primavera e início do verão”, explica.

Naiane detalha o que causou tamanho estresse hídrico nos reservatórios das usinas. “Ao longo dos anos, estamos vendo uma irregularidade nas chuvas. O ano passado foi ruim na região das principais bacias. Iniciamos 2021 com um cenário ruim”, avalia.

“Sensível situação”

O ONS informou que o total de chuvas previsto no último estudo não se confirmou e que o volume de água observado em 2021 foi inferior àquele verificado no ano passado, em especial nas bacias do Sul.

“A escassez resultou na diminuição dos níveis de partida em agosto de cerca de 10 pontos percentuais abaixo daqueles apresentados na nota técnica anterior, publicada em julho, além de se observar redução de cerca de 2.000 MWmed na Energia Natural Afluente do SIN [Sistema Interligado Nacional], de agosto a novembro”, informa o Operador, em nota.

Segundo o órgão, todas as medidas técnicas e operacionais cabíveis estão sendo tomadas para manter a continuidade do atendimento ao consumidor. O ONS, contudo, admite a “sensível situação hídrica” atual.

Na tentativa de atenuar os problemas, o governo federal tem autorizado o aumento de geração por termelétrica – modo mais caro para o consumidor.

Na semana passada, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) autorizou a operação da segunda maior térmica do país. O funcionamento ocorreu cinco meses antes da data prevista.

metropoles