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Circula no WhatsApp o vídeo de um radialista com a orientação de que a nova variante da Covid-19 atacaria o fígado e os novos sintomas seriam apenas incômodo na garganta, espirro e dor de cabeça. As informações são falsas. As ideias apresentadas sem base científica são para justificar uso de tratamento que não tem eficácia comprovada.

O radialista apresenta uma série de características que fariam parte da variante P1 encontrada em Manaus. “A nova cepa não ataca necessariamente o rim e o pulmão, como anteriormente, e sim o fígado. Os sintomas de perda do paladar, olfato, febre e diarreia não estão sendo apresentados nesta cepa, mas sim garganta arranhando, espirro e dor de cabeça”, descreve Luiz Alberto, como se apresenta. “Parece uma gripezinha”, opina.

As teorias apresentadas, que tentam justificar o surgimento de hepatite em alguns pacientes, são usadas para defender o uso do chamado tratamento precoce, sem evidência científica.

O radialista cita como referência das informações o posicionamento do deputado estadual e oftalmologista Alberto Dickson. Em uma entrevista, o parlamentar assegura que a nova variante estaria confundindo os médicos, que estariam diagnosticando apenas hepatite e não percebem que se trata de Covid-19. O médico não apresenta fontes, ou seja, não há um embasamento científico.

Hepatologista do Hospital das Clínicas e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Edmundo Lopes, informou em entrevista à BBC que exames já detectaram em alguns pacientes a alterações no fígado, mas que não significam necessariamente o adoecimento do órgão. “Apesar de distintos mecanismos de agressão ao fígado durante a Covid-19, ele não é comumente nem intensamente comprometido, como ocorre com outros órgãos, como os pulmões, o coração e os rins”, esclarece o médico.

Diferente do que foi informado erroneamente pelo radialista e pelo deputado, além de não existir comprovação que a ivermectina trate Covid-19, o uso do medicamento pode piorar a situação do paciente, como é o caso do surgimento de hepatite medicamentosa. Já foram registradas três mortes de pacientes com Covid-19 no estado de São Paulo após o uso do medicamento e cinco estão na fila para transplante do fígado, após o órgão ser comprometido.

O médico pneumologista e presidente da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia (SPPT), Frederico Fernandes, revelou em março que presenciou um caso. Ele explicou que foi solicitado para avaliar uma paciente com hepatite medicamentosa e descobriu que a infecção foi causada pelo uso de ivermectina, após a jovem ingerir 18mg de por dia durante uma semana. “Muito triste ver uma pessoa jovem a ponto de precisar de transplante por usar uma medicação que não funciona em uma situação que não precisa de remédio algum”, lamentou o médico no Twitter.

Sobre os novos sintomas da variante P1, a professora do Departamento de Genética da UFRJ, em entrevista à Agência Lupa, rebate as informações falsas: Não há nenhuma evidência de mudança de sintomas. Desde o início da pandemia existe uma variação enorme na sintomatologia apresentada pelos infectados”, diz.

A ideia de que haveria uma confusão em diagnósticos também é descartada. A infectologista da Unicamp e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Raquel Stucchi, lembrou ao site especializado em checagem de informação que é possível, por meio de biópsias, identificar a causa da complicação do fígado.

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Por Agência Alagoas