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Brasil ainda enfrenta primeira onda da covid, segundo especialistas – Foto: Ilustração

Nos últimos dias, o debate sobre uma possível segunda onda da covid-19 no Brasil ganhou espaço no meio político e nos meios de comunicação. No entanto, não há como isso ocorrer, pelo simples fato de o país ainda enfrentar a primeira onda.

Primeiramente, é preciso entender o que são ondas ou fases de uma pandemia.

O epidemiologista Wanderson de Oliveira, ex-secretário nacional de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, explica que sempre se usa a pandemia da gripe espanhola, em 1918, como uma referência.

“De modo geral, nós sempre associamos a questão das fases à pandemia de 1918, mas temos que lembrar que naquela ocasião foi por influenza [H1N1]”, afirma, ressaltando que a segunda onda naquela ocasião teve o surgimento de uma nova cepa do vírus.

Ainda assim, as três fases daquela pandemia foram caracterizadas por picos de casos seguidos de quedas, que parecem vales ao serem exibidos em gráficos.

“Se esse aumento [de novos casos e óbitos] não tiver sido precedido por um vale profundo, infelizmente, o que vocês estão achando que seria uma onda, na verdade, são rebotes ou recrudescências da mesma onda. Ou seja, nós ainda não saímos da primeira”, explica o epidemiologista.

Na Espanha, um dos países europeus mais afetados pela covid-19 no começo do ano, os casos e mortes chegaram a patamares baixíssimos entre maio e julho, mas voltaram a subir a partir de agosto, atingindo um pico superior ao da primeira onda.

“Para considerar uma segunda onda, eu preciso olhar este padrão, tem que ter um pico, um vale e por assim vai”, ressalta Oliveira.

Ele acrescenta que é preciso observar o espaço de tempo entre um pico e outro, além de uma diferença superior a 60% do número de casos no período, para considerar que a pandemia está em uma nova fase.
No gráfico abaixo, que compara os casos diários na Espanha e no Brasil, é possível perceber a diferença.
GRÁFICO


Infectologistas ouvidos pelo R7 avaliam que o aumento de novos casos percebido nos últimos dias no Brasil não pode, então, ser visto como uma segunda onda, mas, talvez, um novo pico de infecções dentro da primeira.
A principal razão, apontam os médicos, é que pessoas — principalmente das classes A e B — que respeitaram as regras de isolamento social para se prevenir desde março começaram a relaxar diante da queda de casos e retomada mais consistente das atividades econômicas.

O ideal para o Brasil, se houver uma queda significativa do número de infectados, avalia o ex-secretário, é que chegue a patamares como os registrados na Europa.

Seria nessa “janela de oportunidade” que o país poderia ter o início da vacinação, antes de uma possível segunda onda.

Por R7