Estado propôs aumento de 12% para cabos e soldados e 10,36% para patentes a partir de sargento, mas categoria rejeitou percentuais diferentes de reajuste.
Representantes dos policiais e bombeiros militares de Alagoas vão formar uma comissão própria para avaliar as contas do governo do estado. A decisão foi tomada nesta terça-feira (24), depois que mais uma reunião da categoria com o governo terminou sem acordo sobre o reajuste.
O governo apresentou nesta manhã mais uma contraproposta, desta vez com percentuais diferentes de acordo com as patentes. Seriam 12% para cabos e soldados e 10,36% para patentes a partir de sargento, escalonados em 4 anos.
A categoria, que antes cobrava equiparação aos salários de delegados da Polícia Civil, o que significaria um aumento de 29%, agora diz querer uma análise própria das contas do governo para saber a real situação do estado e definir um percentual justo. Contudo, a proposta de reajustes diferentes a depender da patente foi rejeitada de imediato.
“Qual a diferença entre os militares que vão para rua? Todos se arriscam da mesma forma, trabalham da mesma forma. A gente entende como estratégia muito mal orquestrada de querer dividir a classe. Se a gente aceita algo como isso, já iria ter uma disputa interna de vaidade. Por que mais para um e menos para o outro?”, avalia o diretor de comunicação da Associação de Cabos e Soldados (ACS) da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros, soldado Omena.
De acordo com a ACS, foi dado um prazo de 48 horas para que a Secretaria de Estado do Planejamento, Gestão e Patrimônio (Seplag) apresente os documentos que comprovam que o governo não pode oferecer mais do que 10%. Eles devem ser avaliados na próxima quinta (26), às 8h, quando serão retomadas as negociações.
“Nós estamos com militares que entendem também da conta pública. Vamos estar estudando os números do governo dentro da própria Seplag para a gente ver o que efetivamente é permitido [dentro da Lei de Responsabilidade Fiscal]”, informou o soldado Omena.
Integram a comissão o sargento Heleno, auditor contábil, e outros militares com conhecimento na área.
Ronda no Bairro e Força Tarefa
Enquanto as negociações acontecem, a orientação da categoria é para que sejam suspensos os trabalhos da Ronda no Bairro e da Força Tarefa. A categoria esclarece que a medida não caracteriza Operação Padrão (quando acontece o aquartelamento da tropa), já que os dois programas são compostos de agentes voluntários.
“No Ronda no Bairro, há militares da Reserva e também pessoas civis, então nem todo mundo está envolvido com o movimento, por isso ainda se vê alguns trabalhando. Mas a orientação é para que todos estejam engajados para fortalecer a categoria”, explica o soldado Omena.
A categoria afirma que, enquanto durar o movimento, os demais militares serão mais rigorosos no exercício da função, e não vão sair sem que os equipamentos estejam em perfeito estado.
Segundo o Movimento Unificado dos Militares de Alagoas, um dos problemas apontados é de que as armas entregues aos agentes do Ronda no Bairro foram doadas e estão com defeito. Uma representação sobre o assunto deve ser levada ao Ministério Público do Estado de Alagoas (MP-AL).
A categoria afirma que há armas que levaram quedas, outras com tempo de uso muito grande, armas que não tiveram manutenção adequada, que não têm a vida útil de manutenção registradas, e isso é um risco tanto para os policiais que as usam quanto para a população.
A assessoria do Programa Ronda no Bairro informou ao G1 que vai esperar que a denúncia seja oficializada para que a Procuradoria Geral do Estado (PGE) possa avaliar o caso e dar uma resposta sobre o assunto, mas adiantou que a acusação não procede.