Seis meses após ter sido preso em uma operação da Polícia Civil, na qual foi acusado de chefiar um esquema de estelionato, o vereador e vice-presidente da Câmara Legislativa de Santa Luzia do Norte, município da Região Metropolitana, Roberval Francisco de Sales Neto (PV), de 41 anos, atua hoje como vice-prefeito da cidade.
Com o afastamento dos prefeito e vice-prefeito eleitos no pleito de 2016 – Edson Mateus da Silva e José Ailton do Nascimento – em dezembro do ano passado, assumiram a gestão municipal, como prevê o regimento interno da casa, o presidente e o vice-presidente da câmara.
O que chama atenção nesse caso é que mesmo cumprindo prisão domiciliar, o vereador foi autorizado pela Justiça – ainda em outubro do ano passado – a exercer suas funções como edil e frequentar as sessões ordinárias e extraordinárias da câmara, sem prejuízo para sua situação. Contudo, de acordo com a assessoria de comunicação do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ-AL), a atuação no Executivo Municipal deveria ter sido comunicada, o que não aconteceu.
O juiz Jamil Amil Albuquerque de Hollanda Ferreira, titular da 12ª Vara Criminal, onde corre o processo, informou que não sabia desta atuação e disse que qualquer análise de mudança no status do réu deveria ter sido solicitada pelo próprio réu ou ter sido provocada pelo Ministério Público Estadual (MPE-AL).
Sales já teria sido investigado por envolvimento em outro esquema de estelionato – dessa vez em concessionárias – nos estados de Alagoas, Sergipe, Ceará e Bahia, em 2011.
À época de sua prisão, Roberval Sales foi acusado de comandar um esquema estelionato, que clonou centenas de cartões de crédito. Em sua residência foram encontrados cartões clonados, cartões em branco e três computadores com as matrizes que serviam para clonar os cartões, além de dois carros com placas clonadas, e um deles com queixa de roubo. Outras duas pessoas também foram presas, suspeitas de participação no esquema.
Esquema Criminoso
O grupo deixava suas maquinetas de cartões de crédito em estabelecimentos comerciais, o que era previamente combinado com os proprietários de comércios. Quando o consumidor efetuava uma compra, a maquineta não somente debitava o valor do produto, mas também clonava a tarja magnética e a senha do cartão. O trabalho de falsificação era finalizado na casa do vereador.
Na casa do vereador a polícia também encontrou um caderninho com anotações dos códigos e senhas dos cartões clonados.