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Sala onde ocorreu o julgamento de Lula no TRF4. Foto Sylvio Sirangelo

A corrupção no Brasil tem seu lado positivo.

Esdrúxulo afirmar tal coisa? A princípio sim, mas se analisarmos o que a transmissão ao vivo do julgamento do TRF4 permitiu ao público, poderemos dizer que a afirmativa faz sentido.

Vamos fazer um comparativo com os julgamentos que se tem visto no Supremo Tribunal Federal e poderemos perceber a diferença na postura dos magistrados, pelo raciocínio, método de análise, forma de se comunicar, e assim constatarmos como tudo é diferente.

Os magistrados do TRF4, demonstraram em suas análises e votos uma argumentação baseada em fatos descritos claramente, com base em dados e provas, além dos testemunhos ou denúncias. Formularam suas teses com base em raciocínio sensato dos fatos que, de tão evidentes e relatados de forma tão clara, não deixam margem a qualquer dúvida razoável.

Os votos foram enunciados numa linguagem até informal, buscando levar aos leigos o que a linguagem jurídica formal deixa dúvidas. Tiveram eles a preocupação de, diante da importância do caso e pelo interesse geral do país, transmitir um entendimento fácil e entendível por todos que acompanharam ao vivo o desenrolar do julgamento.

Não sei se pela importância do teor ou pela transmissão ao vivo, mas este julgamento pode vir a ser um marco na história do judiciário brasileiro. A forma impregnada na formulação dos votos permitiu que cada cidadão tivesse a chance de definir seu próprio julgamento e, ante seu entendimento e construir sua própria opinião.

Muito diferente do que se percebe no pouco que a população tem oportunidade de conhecer dos julgamentos decorridos no Supremo Tribunal Federal. Lá impera a empáfia dos magistrados aliada a uma evidente competição entre eles e percebe-se nitidamente o interesse de mostrar cultura, de jogar para a plateia, ora emanando elogios com aplausos desnecessários, ora críticas ou maldosas insinuações lançadas a esmo. Os pareceres são na maioria envoltos em doutrinas mirabolantes calcadas em citações de autores e situações estrangeiras. Muito longe do que um reles mortal possa captar. Um perfeito exibicionismo.

Portanto podemos reafirmar que, não fosse pela corrupção, o Brasil teria perdido a oportunidade de vivenciar um grande exemplo do que pode ser um judiciário íntegro. Esperamos que o exemplo do TRF4 possa contaminar outras instâncias do judiciário para que os magistrados adotem uma nova maneira de agir, de conduzir e, acima de tudo, de fazer justiça.