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Recentemente circulou nas redes sociais um texto atribuído a Leandro Bulhões sobre as oferendas deixadas nas encruzilhadas.

Dizia o texto que as oferendas deixadas em encruzilhadas era uma forma de os negros alimentarem seus irmãos escravos que estavam fugindo dos feitores.

Ainda segundo o texto, essas oferendas eram compostas “de carne, frango e farofa para saciar a fome dos fugitivos e uma boa cachaça para aliviar as dores do corpo e dar-lhes algum prazer na fuga”. Doutra sorte, as velas postas em volta dos alimentos foram atribuídas a uma tentativa de afastar animais que pudessem vir consumi-las. Essa prática, com o passar dos tempos e, possivelmente pela cultura branca e eurocêntrica, foi desvirtuada para causar medo, terror e abominação e reforçar os preconceitos e discriminações contra os negros.

A palavra “macumba” era a denominação de um instrumento de percussão de origem africana, semelhante ao atual reco-reco, antes de ser associada à religião. Depois passou a ser uma variação genérica de cultos afro-brasileiros. No Brasil a “macumba” passou a ser uma ramificação do candomblé​.

As oferendas (Trabalho/Ebó) ganharam ainda a denominação de despachos e de “macumba” e popularmente está erroneamente associada a rituais satânicos ou de magia negra, ideia preconceituosa propagada pelas igrejas cristãs em discursos negativos, que as consideravam profana às leis de Deus. Embora existam, sim, despachos feitos também para fazer mal aos outros (na quibanda, diferentemente da umbanda), embora oficialmente nenhuma das religiões incentive essa prática.

RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS

Além do Candomblé, a que carrega mais características da África e que cultua os orixás fundamentada na sacralização de animais, tem ainda a Umbanda, religião brasileira que acabou recebendo forte influência dos candomblecistas, e que nasceu em 1908, através do Médium Zélio Fernandino de Moraes, num rompimento com o Espiritismo, mas carregando muitas de suas características.

Além dessas duas mais conhecidas, existem ainda outras que possuem um viés afro em suas características como a Jurema, também conhecida como Catimbó, e o Xangô.

A Jurema, também chamada de Catimbó, é uma doutrina cultuada no Brasil antes mesmo da chegada dos portugueses e praticada pelos índios do Norte e Nordeste. Eles, em sua prática, detêm um grande conhecimento sobre as ervas, em especial a planta jurema, e utilizavam raízes, cascas e folhas, tudo para obter a cura de enfermidades.

O Xangô de Pernambuco tem uma estrutura semelhante ao Candomblé da Bahia. Além de cultuar os orixás de origem iorubá, estão muito associados aos aspectos e santos da igreja católica. Adotam o “sacrifício” dos animais em homenagem as divindades.

Não poderíamos deixar de citar ainda a Quibanda (ou KIMBANDA), seita religiosa brasileira de origem africana e, embora seus teóricos neguem, é fortemente associada à magia negra, aos trabalhos para o mal, além de estar voltada para espíritos humanos desencarnados. Esta, que surgiu em oposição à umbanda, que representa as forças da magia branca, também não procurou adaptar-se à mitologia do catolicismo, como o candomblé.

OUTRA VERSÃO PARA AS OFERENDAS

É possível que algumas pessoas tenham feito uso dessas oferendas como mecanismo de enfrentamento das fomes dos irmãos negros fugitivos. Mas pode ser constatado que essa prática surgira com os sacerdotes africanos que vieram para o Brasil como escravos, entre 1549 e 1888. As oferendas, segundo o candomblé “são rituais compostos de frutas, alimentos, carnes, bebidas, flores, louças e adereços que servem para oferecer e cultuar um Orixá, como uma súplica para se alcançar uma graça, bem como para homenagear, de forma a fortalecer o nosso vínculo com o mesmo”.

A escolha das encruzilhadas se justifica por esses lugares representarem a passagem entre dois mundos e por serem domínios das entidades das ruas, dos caminhos e da comunicação, como Exus e Pomba-gira.