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“O tempo é o Senhor da razão”. Quantas vezes você já ouviu esta frase?

Portanto, cada povo tem o governo que merece. Também sábia frase.

UMA BREVE REFLEXÃO.

Em 1989 o Brasil conheceu um senhor careca e barbudo, de óculos grandes e com discurso inflamado. Muitos o tinham como um louco, mas ali estava um médico cardiologista respeitado em boa parte do mundo.

Já àquela época dizia que sua entrada na vida política foi motivada pelas reclamações de sua esposa, que estava saturada de suas queixas à situação do país e aos políticos. Ele, então, decidiu que poderia mudar o Brasil, assim como fez com sua vida. Não chegou lá, mas está na história como o deputado federal mais bem votado do país, eleito pelo Estado de São Paulo, em 2002, com 1.573.642 votos.

Um breve histórico
Nascido no Estado do Acre, em 1938, filho de um barbeiro e uma dona de casa, sua família vivia em condições de miséria. Para piorar, perdeu o pai aos 9 anos de idade e teve que trabalhar a partir daquela idade para poder garantir alimento para ele e sua mãe. Sem o esteio da família se mudou para Belém do Pará, onde morou em um barraco e tinha como alimentação farinha e café.

Aos 20 anos de idade, já no Rio de Janeiro, o jovem iniciou os estudos na Escola de Saúde do Exército, onde foi o primeiro de sua turma. Dois anos depois, entrou na Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro.

Em 1962, entrou na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade do Estado da Guanabara (atual UERJ), no curso de licenciatura em matemática e física. Aprovado em primeiro lugar. No mesmo ano iniciou atividade como professor destas disciplinas, preparando alunos para vestibulares

Em 1965 formou-se médico.

Em 1968 diplomou-se licenciado em Matemática e Física pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade do Estado da Guanabara.

1989 –  Mundança de rumo
Era a primeira eleição direta pós o regime militar. A eleição ficou polarizada entre o jovem “Caçador de Marajás das Alagoas” Fernando Collor e o metalúrgico Lula da Silva. Desconhecido do país e com apenas 17 segundos no guia eleitoral, o Barbudo, com cara de abusado, obteve mais de 360 mil votos. Claro, fruto dos primeiros suspiros de protesto do povo brasileiro. Collor venceu, sofreu o impeachment e Sarney lançou o Plano Cruzado. Os escândalos e a inflação assustavam o país.

Em 1994, lá estava Lula. Desta vez com 1minuto e 15segundos, Enéas tinha mais tempo no guia e mais concorrentes de peso, como o ex-ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso, que havia criado o Plano Real e estabilizado a economia brasileira. “O Barbudo” recebeu 4,6 milhões de votos e foi o terceiro colocado, vencendo políticos consagrados, como o então governador do Rio de Janeiro Leonel Brizola e o ex-governador de São Paulo Orestes Quércia. Deu FHC, com Lula em segundo, outra vez.

Este homem, senhoras e senhores, conhecido por seu nacionalismo, oposição ao neoliberalismo e contrário ao comunismo é Enéas Carneiro, falecido no dia 6 de maio de 2007, aos 68 anos, vitimado por uma leucemia.

Ele defendia questões polêmicas como a construção da bomba atômica, a ampliação do efetivo militar e a nacionalização dos recursos minerais do subsolo brasileiro. NADA FOI À FRENTE.

Sobre bomba atômica justificou: “Não para jogar em ninguém, mas para sermos respeitadosconversar em condições de igualdade” com as potências militares globais”.

Enéas, em 1989 havia fundado o Partido de Reedificação da Ordem Nacional, o Prona. Veja que nome sugestivo para os dias de hoje. Era contrário às privatizações, alegando que elas são “negociatas feitas para transferir o formidável patrimônio público para uma minoria privilegiada de representantes legítimos do sistema financeiro internacional.

Enéas defendia que “a liberdade absoluta leva a um verdadeiro massacre dos mais fracos pelos mais fortes”. Também afirmou que o estado defendido por ele e seus aliados era um estado forte, técnico e intervencionista.

Enéas se opôs a classificação esquerda-direita, dizendo que não via, “no mundo moderno, condição para que se fale em esquerda e direita”. Questionado se achava a esquerda comandada por Lula de burra, respondeu o que hoje sabem com plenitude:  “a discussão, ao meu ver, não é mais entre esquerda e direita. É de um lado, a globalização; de outro, o Estado nacional soberano”.

Sobre greve
Enéas afirmou que “a greve é um direito inalienável do trabalhador […] isto é uma coisa, outra coisa é viver da greve”.

O político também se opôs a pena de morte, dizendo:

“Como médico eu jamais poderia apoiar a pena de morte. Como estadista, visto que isso é de uma seriedade extraordinária, faria uma consulta a população, medida que já é prevista. Como homem, se eu visse uma criança sendo estuprada, tenho certeza que nesse momento seria capaz de matar uma pessoa“.

Dito isto, fico com uma frase que ouvi há anos: “Precisamos da política, não dos políticos que temos.

Lula e Enéas, nascidos pobres, seguiram caminhos diferentes. Agora, pagamos o preço pelas escolhas que fizemos.  

 Enéas tinha razão.

*Com informações do wikipedia.