Marechal Deodoro, AL – À luz trêmula das tochas e ao som grave dos tambores, a cidade histórica de Marechal Deodoro foi palco, na noite desta quinta-feira (17), de uma das mais simbólicas expressões da religiosidade popular alagoana: a Procissão do Fogaréu. O evento, que integra as celebrações da Semana Santa, mais do que uma simples manifestação de fé, é um mergulho coletivo na memória, na tradição e na espiritualidade.
Com início nas primeiras horas da noite, centenas de pessoas se reuniram em frente à Igreja de Santa Maria Madalena para dar início ao cortejo. Portando tochas acesas, os fiéis seguiram por um trajeto cuidadosamente traçado para passar pelos pontos mais emblemáticos do centro histórico, que ganhou contornos dramáticos sob a iluminação das chamas e o silêncio reverente dos participantes.
A procissão representa a perseguição e prisão de Jesus Cristo, simbolizada pelo caminhar dos “farricocos” — figuras encapuzadas vestidas de túnicas, que percorrem as ruas em busca do Salvador. A encenação, ao mesmo tempo ritualística e teatral, foi acompanhada de cânticos, orações e momentos de profunda emoção entre os participantes.
Além do seu valor espiritual, a procissão movimenta o turismo religioso, fortalecendo o papel de Marechal Deodoro como um dos principais centros culturais e históricos de Alagoas. A cidade, que já respira história em sua arquitetura colonial e ruas de pedra, ganha ainda mais intensidade durante este período.
A Procissão do Fogaréu é, sem dúvida, mais do que uma representação: é um testemunho vivo da fé de um povo que transforma o passado em presente a cada passo dado sob o brilho das chamas e a sombra da devoção.
