Afundamento do solo causado pela Braskem afetou mobilidade urbana na Região Metropolitana

Gestores municipais falaram sobre o assunto durante painel do Summit Mobilidade

O que as nossas cidades estão planejando para melhorar o presente e garantir um futuro com segurança viária e mobilidade para a população? Esse foi o assunto discutido no 3º painel do Summit Mobilidade, evento promovido pela Organização Arnon de Mello (OAM), nesta segunda-feira (17), em Maceió. Prefeitos de municípios situados na Região Metropolitana falaram sobre os desafios enfrentados atualmente, entre eles, o crescimento populacional das cidades provocado pelo afundamento do solo, em decorrência da atividade mineradora da Braskem, que afetou cinco bairros da capital alagoana.

Sem poder abarcar toda a população que foi obrigada a deixar os bairros afetados, Maceió viu muitas pessoas migrarem para morar em cidades vizinhas, como é o caso de Marechal Deodoro e Rio Largo, que tiveram um crescimento de 31% e de 34%, respectivamente, no número de habitantes.

Com mais moradores, mais problemas acabam surgindo, entre eles, os que estão relacionados à questão da mobilidade urbana, considerando que muitas pessoas passaram a morar em outras cidades, mas continuaram trabalhando nos mesmos locais, na capital alagoana, para onde precisam se deslocar diariamente, sufocando ainda mais o fluxo de veículos. E, quando se trata do uso de transporte público, os gastos aumentaram significativamente para os trabalhadores, que precisam pagar, além do transporte dentro da capital, o intermunicipal, para chegar até Maceió.

O problema foi apontado durante o painel pelo prefeito de Marechal Deodoro, Cláudio Filho, e pela deputada estadual e representante do município de Rio Largo Gabriela Gonçalves.

“Os municípios da Região Metropolitana estão enfrentando grandes problemas, pois tivemos o afundamento de cinco bairros, e Marechal registrou um crescimento de 31% da população, o que tem trazido dificuldade em vários aspectos, sendo uma delas a mobilidade urbana. O trabalhador hoje pega um transporte intermunicipal por R$ 7 para chegar ao centro de Maceió e, lá, pega outro, a R$ 3,50, para se dirigir até o local de trabalho. São R$ 20 por dia para ir ao trabalho e voltar para casa”, pontuou o prefeito Cláudio FIlho.

Ele também ressaltou o aumento da quantidade de motos e de loteamentos situados às margens da rodovia AL-101 Sul, o que obriga o Município a pensar em estratégias que possam garantir mobilidade à população. Além da elaboração do Plano de Mobilidade, que vem sendo feito pelo Município, o prefeito sugeriu a criação de uma comissão formada pelas cidades da Região Metropolitana, para que o assunto possa ser discutido como prioridade.

“A união das SMTTs dos municípios da Região Metropolitana é fundamental para a busca de soluções. Vamos criar uma comissão para discutir o assunto como prioridade, pois acredito que, unidos, iremos conseguir as soluções necessárias para melhorar a qualidade de vida e a mobilidade do povo”, falou.

O prefeito do Pilar, Renato Filho, também ressaltou a necessidade de incluir os municípios da Região Metropolitana nas discussões que tratam de Maceió. Ele falou sobre os investimentos feitos na cidade para melhoria da qualidade das vias, para que os pedestres e cadeirantes tenham condições de trafegar de forma digna e em segurança.

“Do mesmo jeito que se discutiu água e esgoto entre os municípios, tem que haver uma unificação de estratégia na parte do transporte. A mobilidade urbana envolve toda a sistemática, não só o transporte, mas também quem anda a pé e também os cadeirantes. Essas pessoas, muitas vezes, precisavam fazer ginástica para se deslocar de um local para outro. Por isso, investimos na melhoria das vias e asfaltamos 95% delas”, afirmou Renato Filho.

Ele disse ainda que o município do Pilar sofre com os mesmos problemas das demais cidades da Região Metropolitana e que, muitas vezes, são problemas antigos. “O dia a dia nosso é muito complexo, devido a coisas muito antigas. Temos que arrumar meios de as cidades realmente serem feitas para as pessoas. Aumentar o uso de transporte coletivo, diminuir o uso de modais, que emitem gases, e tornar o plano de mobilidade cada vez mais sustentável. Falta ter uma integração municipal, intermunicipal, um transporte que dê condições, acessibilidade e segurança às pessoas”, pontuou Renato Filho.

A deputado Gabriela Gonçalves aproveitou a oportunidade para falar sobre o Plano de Mobilidade, que foi elaborado em Rio Largo e que estará sendo discutido na Câmara Municipal, durante audiência pública. Ela fez um breve resumo dos pontos tratados, com o objetivo de buscar soluções para o trânsito e o tráfego das pessoas.

“O plano trata, entre outras coisas, da melhoria do trânsito de veículos, da sinalização correta e da passagem de pedestres. Passamos pela fase da preparação, do diagnóstico, do prognóstico e das propostas e, no próximo dia 27, estaremos consolidando o nosso plano com mais uma audiência pública na Câmara Municipal. As propostas colocadas tratam do sistema viário e de circulação, segurança viária e transporte público coletivo. Não temos mais tempo, não podemos ver as novas gerações esperarem mais. Mobilidade urbana é um direito”, disse a deputada.

O diretor-presidente do Detran, Marco Fireman, também participou do debate, que foi mediado pela oficial da ONU Habitat Brasil, Rayne Ferretti. Na ocasião, ele citou a necessidade de se investir no transporte de qualidade e em uma estação de transbordo, assim como na implantação de um BRT.

“Se não tivermos uma urgência em implementar, em Maceió, um transporte público de qualidade, com estação de transbordo, sendo retroalimentado por outros sistemas ou sistemas paralelos de ônibus, só vamos proliferar ainda mais a questão da motocicleta”, falou Marco Fireman.

Fonte : gazetaweb

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