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Agencia Brasil – EBC

 

Já há alguns anos que deixei de frequentar as festas junina, principalmente as incluem exibições de “quadrilhas”. Até que continuo gostando dos festejos, mas daqueles tradicionais, onde as quadrilhas matutas seriam o ponto alto acompanhada do acender a fogueira, soltar rojão e se esbaldar de tanto comer pipoca, cocada e pé-de-moleque.

A quadrilha junina, de acordo com historiadores, surgiu no Brasil ainda durante o período colonial é uma dança popular típica, representada por casais que são orientados e animados por narrador (marcador). A indumentária teria caraterística daquelas usadas pelos matutos, pessoas mais humildes e populares que habitam principalmente interior nordestino. Entre alguns instrumentos que acompanham o ritmo da quadrilha junina estão a sanfona, o triângulo, o tambor e a viola. E os passos de quadrilha junina tinham um rito que obedeciam a comandos ou marcação: ANARRIÊ, BALANCÊ, PREPARAR PARA O GALOPE, OLHA O TÚNEL, OLHA O GRANDE PASSEIO, CAMINHO DA ROÇA, OLHA A CHUVA, entre outros. A quadrilha junina é uma das mais populares, mas vale ressaltar que tem várias outras danças características do período, como a pandeirinha, dança da saia, rala o coco, mexe a canjica e outras.

Desde a interferência do programa da Xuxa nas exibições e concursos de quadrilhas, o folguedo começou a tomar novos rumos. Roupas uniformes, muito enfeitadas e ricas em adornos, tendo algumas alterações nas marcações. A evolução desta interferência cultural tornou as quadrilhas de hoje mais parecidas com as escolas de samba Rio e São Paulo, com enredos variados e dispares do momento vivido. Em cidades tradicionalmente caracterizadas pelas festas juninas, como Caruaru e Campina Grande, até o forro vem perdendo espaço para os sertanejos e caipiras tocados nos rodeios de Goiás ou Barretos.

Estive no dia de São João em uma festa junina tradicional em Maceió, muito concorrida e bem estruturada promovida pela Igreja Católica. Estava tudo bem até que se apresentou uma “quadrilha” famosa e campeã por vários anos. Que decepção e até revolta em ouvir o apresentador que enaltecia o grupo falando várias vezes que aquilo era um incentivo para se manter a tradição junina.

Ora, pessoas mascaradas, de rostos pintados, roupas uniformes e totalmente cheias de adereços, seguindo uma coreografia e enredos totalmente alheios ao comemorado no período, nada tem com a tradição. Não nego que o show tem seu valor, mas para se fazer presente em outro tipo de folguedo ou festejo, mas nunca o junino e muito menos sob o título de quadrilha junina.

Fica aqui uma sugestão às autoridades para criarem outro tipo de evento para este tipo de apresentação, pois isto jamais pode ser classificado como tradição junina. Acho até uma agressão às nossas tradições.