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Especialista do IMA explica que abertura de canal na Lagoa Manguaba provocou sérios danos à Barra Nova 

Por muitos anos, a Barra Nova, em Marechal Deodoro, foi o destino mais procurado pelos alagoanos e turistas por conta da Prainha, que reunia bares, gastronomia regional, além de um bom banho de lagoa e mar. Mas, em 2009, os moradores e comerciantes da região viram a situação mudar. Uma enchente, que elevou o nível da Lagoa Manguaba fez com que a população abrisse o “canal” existente na Praia do Saco para que a água escoasse para o mar. Mas, o que eles não sabiam é que esta atitude provocaria danos maiores no futuro e acelerou o fim de uma das belezas naturais do estado. 

 
Ricardo César é coordenador de Gerenciamento Costeiro do IMA

De acordo com o coordenador de Gerenciamento Costeiro do Instituto do Meio Ambiente (IMA), Ricardo César, a abertura do canal provocou uma mudança no curso das águas tanto da laguna quanto do mar.

“Quando a população, em uma ação desesperada, abriu o canal para que as águas da Manguaba escoasse para o mar provocou um dano muito grande para o meio ambiente, porque mudou o curso das águas do mar, acelerando o processo de erosão da Prainha”, explicou.

Segundo Ricardo César, o “braço” formado de areia onde ficava localizada a Prainha, apesar da vegetação, era uma área instável que já sofreria mudanças devido à ação natural do mar, um tipo de erosão costeira.

A erosão costeira é um processo natural decorrente de um balanço sedimentar negativo, entretanto, quando esta se torna severa e perdura por longo período ao longo de toda a praia ou trechos dela.

“Nosso litoral é quase que 100% instável porque temos deficiência de areia em nossa costa que é oriunda dos rios. O mar constantemente tira e põe areia da praia, mas quando há uma quantidade significativa de areia vinda dos rios e lagunas, o mar segue com o seu movimento. Ou seja, ele vai retirar de onde já tem, provocando erosão e até mesmo inundações”, disse.

No Brasil, embora a erosão costeira venha se tornando um risco crescente e chamado muito a atenção a partir da década de 1970, investigações mais detalhadas sobre as causas são relativamente recentes e ganharam impulso na década de 1990. Grande parte dos trabalhos apresenta algumas evidências (indicadores), que atestam o estado de erosão e relacionam fenômenos à causas, naturais e/ou antrópicas.

Processo de erosão na Prainha (1969-2018).

http://picasion.com/
Abertura da Boca do Rio (1969-2018)
 
http://picasion.com/

Em termos gerais, sem depender da escala temporal e espacial, a erosão costeira é essencialmente consequência da elevação do nível do mar e do balanço sedimentar negativo do sistema praial. 

No último dia 21, moradores da Barra Nova tomaram um susto após a força do mar derrubar muros e invadir as residências que estão localizadas às margens da Laguna Manguaba. A Prefeitura de Marechal Deodoro decretou situação de emergência para obter recursos federais para a realização de ações de contenção.

De forma emergencial, o prefeito Cacau Filho determinou a colocação de pedras margeando a orla lagunar como uma medida paliativa para conter a força das ondas. 

Uma das casas que foram destruídas pela força das águas

A decisão do chefe do executivo municipal se deu em virtude dos estragos que o avanço da maré vem causando às residências e estabelecimentos comerciais da Barra Nova, além dos riscos aos moradores. Ao todo, foram utilizados cerca vinte caçambas de pedras no local. Essa barreira ajuda a diminuir o impacto das ondas durante a maré alta.

Durante visita aos locais que foram destruídos pelo avanço do mar, Cacau Filho explicou que o poder executivo iniciou o projeto para a construção de um muro de contenção para a orla da Barra Nova. De acordo com a Secretaria de Infraestrutura, a ideia é que a contenção contemple um quilômetro de orla.

“Esta contenção com pedras que estamos fazendo melhora, mas não é definitiva. Então, estamos produzindo um projeto para um muro de contenção para tentar solucionar este problema. Vou a Brasília também e quero acionar a bancada federal para pleitear os recursos para a esta obra”, contou o prefeito.

Vegetação também sofreu com o impacto das ondas

Cacau Filho foi à Brasília para se reunir  com o ministro da Integração Nacional, Helder Barbalho, onde apresentou o relatório e conseguiu a liberação de recursos para a realização da obra, diante da urgência para evitar mais estragos.

“O ministro já sinalizou que vai liberar os recursos, mas vou tentar agilizar esta liberação, para que, o quanto antes, a gente inicie esta obra. Nós precisamos resolver esta situação, mas não podemos fazer de qualquer jeito. Por isso, convidamos os órgãos e especialistas para achar uma solução conjunta, que preserve as moradias, mas também preserve o meio ambiente. Não podemos tomar uma decisão por emoção e que, no futuro, venha prejudicar pescadores, moradores, natureza. Tem que pensar nas conseqüências”, disse o prefeito.

 

fonte Gazetaweb
Imagem: Gazetaweb