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Novos dados do Ministério da Economia, divulgados esta semana, apontam que Alagoas é o terceiro estado que mais exportar pessoas para o trabalho escravo. perdendo apenas para Bahia e Minas Gerais.

Só em 2018, 117 alagoanos foram resgatados em outros estados trabalhando em regime análogo ao de escravo. No Brasil, a Divisão de Fiscalização para Erradicação do Trabalho Escravo (Detrae) encontrou 1.723 pessoas trabalhando em condições análogas a escravidão, destes 1.113 foram resgatadas.

A situação dos alagoanos se agravou devido a grande taxa de desemprego, om 17,1% da população sem trabalho, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com o Ministério do Trabalho, entre os trabalhadores resgatados que já tinham um histórico de pelo menos uma admissão em emprego formal, 64% das últimas movimentações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) foram demissões por iniciativa do empregador.

O problema aumentou porque boa parte dos municípios dependendo basicamente de recursos federais como o Fundo de Participação dos Municípios (FPM), fazendo os alagoanos saírem de seu estado para buscar trabalho em outros locais.

Além de exportar mão de obra escrava, Alagoas também possui locais onde as pessoas são submetidos a atividades análogas à escravidão, onde recentemente foram resgatados 90 trabalhadores. Deste número, 78 somente em Feira Grande, no Agreste alagoano. Essas pessoas trabalhavam em casas de farinha.

O município de 22,1 mil habitantes, segundo estimativa do IBGE, tem na agricultura e no serviço público sua principal fonte de renda. Para o prefeito de Feira Grande, Flavio Rangel Aposto Lira, a realidade do trabalhador do município não uma questão isolada. “Ela acontece em todo o Nordeste e é cultural. A mandiocultura vem desde os índios”, ressalta. “Mas o problema já foi resolvido”, diz, lembrando que a situação também foi agravada pela falta de emprego no município.

Segundo o IBGE, em 2016 – os dados mais recentes – apenas 874 pessoas trabalhavam formalmente no município, o equivalente a 3,9% da população.

No ano passado, o Ministério Público do Trabalho (MPT) em Alagoas chegou a fechar algumas casas de farinha em Feira Grande e instaurar um inquérito civil para responsabilizar as distribuidoras do ramo alimentício em Alagoas que comercializam a farinha de mandioca produzida sob situação de trabalho análogo à escravidão. 

“Por trás da farinha de mandioca que chega à mesa do consumidor, trabalhadores estão sendo submetidos a condições subumanas, sem água, expostos a risco iminente de acidentes, enquanto empresas lucram com o trabalho análogo à escravidão”, denunciou o procurador do MPT, Rodrigo Alencar. 

Gazetaweb