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O universo da política que se apresentará ao eleitor em 2018 espera o destino do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva da mesma forma que o público do sambódromo aguarda ansioso a magia da entrada das escolas de samba. Por isso, em 24 de janeiro, data do julgamento do ex-presidente no TRF da 4ª Região, políticos ficarão a postos, assim como os foliões.

Lula ainda é o que o PT tem de força leitoral, e a única vez em que o partido testou seu poder de transferência de votos foi com o governo federal na mão, servindo de alicerce para a candidatura de Dilma Rousseff. Em condições adversas, ou seja, com o partido na oposição, esse poder jamais foi testado.“Quando passar o julgamento começará a ter contornos mais concretos. Já há a movimentação de partidos aliados função disso. Agora, ele acaba sendo o grande centro das atenções, mas o jogo começou. Hoje, não se sabe quanto o Lula transfere de votos”, diz o cientista político Ricardo Caldas, que desde já avalia os movimentos.

Enquanto aguardam para saber como será o desfile do PT, que venceu todas as últimas quatro eleições presidenciais, os pré-candidatos começam os ensaios para testar a empatia com o eleitor, cada um no próprio galpão, ou melhor, partido. Hoje, o Correio traz a relação das agremiações mais tradicionais, que integram uma espécie de grupo especial da política, caso de Lula e de siglas como o PSDB do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.

No galpão tucano, as brigas internas provocaram estragos em algumas alegorias e, por isso, alguns aliados que se preparavam para engrossar o desfile voltam os olhos para o som que sai dos tambores do ensaio da bateria do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Ele apresentou o samba-enredo ao eleitorado antes do Natal, num programa voltado à melhoria do cenário econômico. Porém, se as boas novas da economia forem além do esperado, ao ponto de alavancar a popularidade do presidente Michel Temer, é o peemedebista quem desfilará no alto do carro alegórico governista.

Amanhã, o eleitor conhecerá aqueles que estão hoje no grupo de acesso, Jair Bolsonaro, Álvaro Dias, Rodrigo Maia e Manuela D’Ávila. Em seguida, virão aqueles que, sem uma grande estrutura, fazem questão de se apresentar no carnaval político, ainda que seja como um “bloco de rua”. Boa leitura!

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Aposta na tradição

Se Joãosinho Trinta comandou a Beija Flor por 17 carnavais, por que o ex-presidente Lula não poderia ser candidato a presidente pela sexta vez, se é o que os petistas consideram ter de melhor para encantar o eleitor? É com esse pensamento que o PT mobilizará toda a estrutura para o ensaio geral, em 24 de janeiro, quando Lula será julgado no TRF-4, em Porto Alegre. Mesmo se o ex-presidente sair de lá condenado, a ordem é mantê-lo como principal carro alegórico enquanto der, nem que toda a escola tenha de empurrá-lo. A única hipótese de ele não ser candidato é se os jurados o tirarem à força da avenida.

Porém, o enredo de um condenado não é considerado o melhor para se empolgar o eleitor, ainda que seja Lula. “Isso vai influenciar no voto do eleitor. A população brasileira é muito conservadora. Se ele for condenado, tudo muda. Ele deixa de ser candidato livre para ser um candidato que pode ser preso a qualquer momento”, comenta o professor da Universidade de Brasília Ricardo Caldas.

E, por mais que não admita, a insegurança faz o PT pensar em planos B. A segunda opção do partido já foi o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, que hoje está se preparando, ainda que a contragosto, para a festa de São Paulo, como candidato ao Senado. No desfile mais esperado do ano, o presidencial, o PT baiano põe o ex-ministro, ex-deputado e ex-governador Jaques Wagner no lugar de destaque que seria ocupado por Lula.

Além do entrave judicial, o PT ainda terá de lidar com a rejeição do público. Apesar da tradição carnavalesca, a agremiação foi uma das protagonistas dos últimos escândalos de corrupção e de desvios de dinheiro público que chocaram o país e o mundo. Para isso, Lula — ou o substituto — pretende usar o peso da história. O discurso é trazer à tona o legado que o ex-presidente deixou para a sucessora Dilma Rousseff, independentemente de a culpa dos tropeços sobrar para a companheira.

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Ritmo de afastamento

Marina Silva vem travestida de Mocidade Independente. Pelo andar da carruagem eleitoral, não promete reunir muitos aliados no primeiro turno nem manterá todos os deputados da Rede no partido, uma vez que alguns cogitam sair para garantir a própria reeleição. A tendência é de que seja uma festa mais modesta focado no desenvolvimento sustentável.

Para completar, os primeiros acordes que ela mostrou do samba-enredo descarta quase todo o espectro da política. “A gente tem que dar para o PT, para o PMDB, para o PSDB, para o DEM e seus aliados um sabático de quatro anos para que eles possam rever seus estatutos, olhar na cara das pessoas, e se reinventar, para, só depois, se colocarem de novo na disputa”, afirmou Marina, quando do lançamento da pré-candidatura.

Mesmo assim, o potencial da candidatura da acriana não pode ser descartado. A ex-senadora tem um eleitorado fiel e pode ser o peso que fará diferença em um possível segundo turno. Nas últimas eleições, a candidata ficou em terceiro na disputa, com 21,32% dos votos válidos. E, apesar do distanciamento do ex-presidente Lula, analistas acreditam que ela tenham potencial para conquistar os votos do petista, caso ele não seja candidato.

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Tom de enfrentamento

Ciro Gomes andou por praticamente todas as escolas de samba do espectro político. Já foi do PSDB, do PPS, do PSB, aliado e adversário do PT. Agora, desfilará num partido tradicionalmente aliado a Lula, porém, já falou tão mal dos petistas nos últimos tempos que se inviabilizou como alternativa de votos para os petistas no primeiro turno.

Com um samba que pretende bater nas reformas promovidas pelo atual governo, principalmente, a que alterou a legislação trabalhista, o ex-ministro da Fazenda sugere um projeto nacional de desenvolvimento em que o foco do investimento esteja menos nos bancos e empresários e mais no trabalhador. O tom da música não agrada muito aos economistas, mas, na opinião do presidente nacional do partido, Carlos Lupi, é a verdade que precisa ser dita.

Em pré-campanha há mais de um ano, Ciro tem visitado universidades em todo o país para coletar ideias para montar outra ala do desfile: a da educação. A partir da experiência estadual, na qual o Ceará tem o maior Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) do país, o político pretende estar com esta nota afinada na hora de encarar os debates.

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O samba da renovação

Os tucanos chegam empunhados do azul da Portela, grande em carnavais passados, porém com o desafio de se renovar. Depois das brigas internas provocadas pela disputa de poder entre os aliados de Aécio Neves e do senador Tasso Jereissati e ainda a posição rachada do partido quanto às denúncias envolvendo o presidente Michel Temer, os tucanos entregaram ao governador paulista a tarefa de consertar os estragos nas alegorias e componentes.

Se conseguir, tem chances de apresentar uma escola harmônica, “sem buracos” ou samba atravessado. Antes de começar a ensaiar o enredo definitivo para 2018, terá de organizar o galpão, uma vez que o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, quer prévia para a escolha daquele que terá lugar de destaque na escola de samba tucana. Com a disputa, Alckmin corre o risco de entrar na avenida com um “buraco” na região Norte, onde não é conhecido, nem tem votos.

Enquanto prepara os tucanos para o desfile no sambódromo da sucessão presidencial, o governador tem de dar atenção redobrada à quadra paulista. Há quem diga que, se José Serra insistir em concorrer ao título paulista, Alckmin terá de apoiá-lo sob pena de perder aliados. Para completar, ainda tem o governador de Goiás, Marconi Perillo, na reserva, esperando para ver se o carro de Alckmin quebra e ele assuma o lugar de destaque.

Outra preocupação é o barracão vizinho: o do PMDB. Se Alckmin não pacificar o partido e apostar nas reformas, conquistando de vez a harmonia com o governo de Michel Temer, corre o risco de ver potenciais aliados fechados em torno de um nome que virá com enredo do governo.

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O legado no tamborim

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, surge como a Grande Rio: o partido jamais levou um título. Porém, não perde a esperança de levar o estandarte de ouro eleitoral. Nas vésperas do Natal, ele surgiu na tevê repaginado. O programa sombrio do PSD do ano passado foi substituído por uma imagem clara do ministro numa camisa azul impecavelmente engomada. A mensagem trouxe uma pequena biografia do ministro e o levou ao posto daquele que tirou o país do atoleiro. Com todo cuidado textual, a expressão reforma da Previdência foi substituída por “nova Previdência para garantir as aposentadorias”.

Meirelles foi incisivo ao dizer que a recuperação da economia, do emprego e da renda é o melhor programa social que um governo pode ter. Citou ainda que a melhoria do emprego não é sentida pelo grosso da população porque os índices são elevados, mas carrega o que o eleitor deseja: esperança em dias melhores.

O sonho de carnaval é repetir Fernando Henrique Cardoso, que, em 1994, aprovou o Plano Real, garantindo assim, a passagem de primeiro turno para a Presidência da República. Assim como Meirelles hoje, FHC também foi um ministro da Fazenda depois de um impeachment, o de Fernando Collor. FHC, entretanto, foi o quarto ministro da Fazenda de Itamar Franco e Meirelles foi logo convidado por Temer.

Entretanto, na apresentação que Meirelles fez na tevê, faltou citar o presidente. Hoje, se a economia melhorar além do ponto previsto, o PMDB pressionará o presidente para que ele saia candidato. Afinal, Temer tem a força da tradição do partido. Para repetir FHC, o primeiro movimento de Meirelles, recuperada a economia, tem de ser angariar aliados.

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Na parada da bateria

O presidente representa no carnaval eleitoral algo como a Império Serrano, considerado o “primeiro império do samba”. Antigo e tradicional, o PMDB tem força e tamanho para alavancar aliados por todo o país, mas há muitos anos não leva um título. Se o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, almeja repetir Fernando Henrique Cardoso, o presidente Temer, lá no fundo, acalenta o sonho de ser um Itamar Franco — um presidente que chegou ao cargo depois do impeachment de Fernando Collor de Mello e foi capaz de recuperar a economia. Só que, nos tempos de Itamar, não havia a possibilidade de reeleição.

Em maio deste ano, quando o governo estava próximo de aprovar a reforma previdenciária, um amigo disse a Temer: “Você pode se preparar, porque, se a economia melhorar, você tem de ser candidato”. As denúncias do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot arquivaram o projeto. Agora, com o PIB de 3% previsto para o ano eleitoral, a reeleição voltou a sondar o enredo peemedebista. O próprio Temer não descarta. Em entrevista ao Correio, foi direto: “Eu não postulo, me posiciono”, afirmou, quando perguntado se descartava uma candidatura.

No ritmo da cuíca, Temer, por enquanto, só agradece tudo que a vida lhe deu. Aliados lembram que, no cenário político atual, ele é de longe o que tem mais capacidade de diálogo com o Parlamento, algo que está para o exercício da Presidência da República como a bateria está para uma escola de samba.

Aqueles que cercam o presidente garantem que, se ele não for candidato — a família não quer que ele seja —, a tendência é de que a agremiação apoie alguém mais ligado ao governo. Nesse sentido, não veem muita harmonia com o PSDB, que mais balançou que firmou posições neste ano. A busca é por alguém que tenha como enredo o sucesso do governo Michel Temer. E, enquanto a agremiação não decide o futuro, o presidente segue curtindo a vista do Palácio do Jaburu.

Na dança da desilusão dos eleitores em 2018

 

Diante da descrença da população com os partidos tradicionais, políticos de menor tradição vêm a oportunidade de subir ao grupo especial do carnaval eleitoral

Assim como a Unidos da Tijuca soube aproveitar o momento para investir na tecnologia e na criatividade para se tornar a grande revelação do carnaval do Rio de Janeiro nos últimos tempos, com três títulos de 2010 para cá, políticos de partidos com menor expressão nacional querem aproveitar o desgaste dos medalhões tradicionais — apresentados na edição de ontem — para se lançar ao Planalto e conquistar a avenida.

Na ala direita do sambódromo, o principal deles é o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ). O político está na Câmara desde 1991 e acredita que agora é o momento para um desfile mais ousado. Assim como ele, o senador Alvaro Dias (Podemos-PR) também deixa o conforto do quarto mandato consecutivo no Senado para subir no carro alegórico e tentar sacudir a galera.

Com um enredo diferente, mais alinhado ao do PT, a deputada estadual pelo Rio Grande do Sul Manuela D’Ávila (PCdoB-RS) pretende conquistar os jovens e as mulheres para se tornar a segunda mulher detentora do estandarte de ouro da história do país. E, já no alvorecer do segundo dia de desfiles, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), pode surgir como uma surpresa aos espectadores.

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Jair Bolsonaro

Agremiação: PEN (Patriotas)

Conjunto: 75.413 filiados, 0,451% do eleitorado brasileiro

Alegorias: 3 deputados federais, 14 deputados estaduais, 51 prefeitos

Evolução: deputado federal (1991-atualidade) e vereador (1989-1991)

Enredo: discurso radical à direita com foco em segurança pública e família.

Mestre-sala: Flávio Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro.

Comissão de frente: os deputados delegado Waldir (PR-GO), delegado Éder Mauro (PSD-PA), delegado Fernando Francischini (SD-PR) e Onyx Lorenzoni (DEM-RS).

Folia com disciplina

Com o rigor da disciplina militar, o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) pretende entrar na avenida no melhor estilo abre-alas. A missão: conquistar o estandarte de ouro a partir de 2019. Com uma campanha caseira, na qual dispensará marqueteiros “para não perder a essência”, o enredo será focado em segurança pública, família e soberania nacional. Vindo de uma candidatura que parecia brincadeira das redes sociais, o parlamentar despontou nas pesquisas de intenção de votos e se consolidou como um nome para chegar a um eventual segundo turno.

A onda de apoio se refletiu no Parlamento. Se, no começo de 2017, na eleição para a presidência da Câmara, Bolsonaro teve tímidos quatro votos, na última semana de trabalho já contava com uma dúzia de discursos efusivos na tribuna, especialmente, dos deputados da bancada da bala. Um dos nomes que estará ao seu lado é Onyx Lorenzoni (DEM-RS). “Ele representa um movimento que deseja uma mudança muito profunda em relação à linha de condução do país. O discurso dele não é radical. É equilibrado, único e inédito”, afirma Lorenzoni.

Um dos primeiros problemas para o candidato é definir a agremiação pela qual entrará no sambódromo. De público, Bolsonaro pode até parecer um democrata. Mas, nos bastidores, ele tem se mostrado disposto a ingressar num partido onde possa mandar. Por enquanto, o compromisso é com o Patriotas (PEN), mas só irá se a legenda cumprir exigências, entre elas, o controle de diretórios estaduais e da executiva nacional. De acordo com a assessoria dele, isso não é obstáculo já que “há uma lista de legendas interessadas”.

Por enquanto, a ideia é se unir aos pequenos e médios partidos para aumentar o tempo de campanha no rádio e na tevê. “Ele é o único candidato que tem militância espontânea e, por isso, o principal meio será a internet, mas ele sabe que a televisão é importante. Estamos trabalhando nisso”, diz um dos coordenadores da campanha que ainda prefere se manter no anonimato.

A partir de janeiro, um plano de governo será montado, mas o principal carro alegórico do desfile, o da economia, já começou a ser construído. Bolsonaro tem recebido conselhos do economista Paulo Guedes, destaque para a Fazenda. Presidente do conselho de administração e estrategista da Bozano Investimentos, Guedes é um dos defensores do liberalismo econômico. Bolsonaro defenderá um Banco Central independente, promete enxugar a máquina — trabalhar somente com 14 ministérios —, e reduzir a burocracia do repasse de verbas aos municípios.

Outro desafio é o Nordeste. O samba do parlamentar ainda não caiu na boca do povo no reduto petista. Um caminho que se considera é que um nordestino suba no carro principal para ser o vice, podendo ser, inclusive, uma mulher. Um dos nomes em análise é o do senador Magno Malta (PR-ES), que apesar de ser do Espírito Santo, tem a “cara do Nordeste”, segundo um aliado de Bolsonaro. E, na briga pelo Nordeste, aliados do militar torcem para que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva brigue até o fim pela candidatura porque acreditam que “a insistência do Lula vai eleger o Bolsonaro”.

O especialista em marketing eleitoral Marcelo Vitorino concorda. Para ele, se o petista for eliminado antes do desfile, o militar perde espaço. “Será efeito imediato. O Bolsonaro tem os votos dele, mas tem os votos de quem acredita que ele é a única pessoa que pode derrotar o Lula. Se o Lula sair, ele vai estacionar”, projeta. Enquanto muitos ainda creem que esta escola vai se atrapalhar na avenida, o deputado segue na marchinha: “Ó abre alas que eu quero passar…”.

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Alvaro Dias

Agremiação: Podemos (Antigo PTN)

Conjunto: 162.165 filiados, 0,971% do eleitorado brasileiro

Alegorias: 3 senadores, 17 deputados federais, 16 deputados estaduais, 30 prefeitos

Evolução: senador (1983-1987 de 1999 à atualidade); governador do Paraná (1987-1991); deputado federal (1975-1983) e deputado estadual (1971-1975)

Enredo: combate à corrupção, aos privilégios e a ruptura com o atual sistema político

Mestre-sala: senadores Romário (RJ) e José Medeiros (MT)

Comissão de frente: Renata Abreu (SP)

Clima de renovação

Apesar de carregar o peso da tradição, assim como a Estácio de Sá — medalha de ouro no quesito no carnaval do Rio —, o senador Alvaro Dias (Pode-PR) pretende entrar no sambódromo com o discurso da novidade. Para ele, o novo que a população busca não é a ausência de rugas no rosto, é a inovação na forma de fazer política. “A população não está se valendo de rótulos. Ela não compactua com essa dicotomia de nós contra eles e eles contra nós. Se querem nova política, melhor que ela chegue por meio de alguém que a defenda há muito tempo. Eu sempre fui o contestador do sistema”, afirmou, em entrevista ao Correio.

Um dos principais focos do candidato será brigar contra a velha prática do “me dá um dinheiro aí”. E, como proposta inicial, pretende sugerir a privatização de parte das estatais e uma grande redução na máquina, com cortes no Executivo, Legislativo, no número de partidos. “Isso passa por uma redução de senadores, de três para dois por estado, e de deputados, de 20%. E a consequência também será a redução proporcional nas assembleias estaduais e nas câmaras de vereadores. Haverá uma monumental economia”, projeta Dias.

Na visão do especialista em marketing eleitoral Marcelo Vitorino, o candidato tem, de fato, potencial para representar o novo que a população quer, sem ser o aventureiro sem experiência. Entretanto, como se trata de uma eleição majoritária, Dias teria perdido a janela de oportunidade para se aliar a partidos pequenos e médios. “Ele se isolou e vai ficar sem tempo de televisão e rádio. Não vai ter deputados para puxar votos. É muito difícil pensar em uma campanha assim”, comenta.

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Manuela D’Ávila

Agremiação: PCdoB

Conjunto: 394.900 filiados, 2,363% do eleitorado brasileiro

Alegorias: 1 senador, 12 deputados federais, XX deputados estaduais, XX prefeitos

Evolução: deputada estadual de 2015 à atualidade; deputada federal de 2007 a 2015 e vereadora de 2005 a 2006.

Enredo: discurso mais à esquerda com foco nas mulheres, na juventude e nas classes mais baixas.

Mestre-sala: as deputadas Jandira Feghali (RJ) e Alice Portugal (BA)

Comissão de frente: Vanessa Grazziotin (AM), Nádia Campeão (SP)

Samba separado

No carnaval eleitoral de 2018, o PCdoB lançou candidatura própria e não estará no desfile como uma das alas do PT. A agremiação decidiu lançar candidato porque não quer fechar com o PT sem a segurança da candidatura de Lula e o julgamento de 24 de janeiro, em que o TRF-4 definirá sobre a condenação do petista em segunda instância, será essencial para traçar o destino. Se Lula sair na avenida, a sigla se cacifa para estar ao seu lado no carro alegórico no posto de vice. Se não, a legenda desfila sozinha pelo sambódromo.

A separação vem causando problemas internos na legenda que, em muitos lugares, tinha o casamento enraizado. O Maranhão é o um deles. O governador Flávio Dino, fiel aliado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, revelou logo depois do Natal que vai de Lula no ano que vem. Diz isso agora que sabe que precisa do PT para ampliar o tempo de tevê numa candidatura à reeleição.

O nome escolhido pela legenda é o da deputada estadual pelo Rio Grande do Sul Manuela D’Ávila. Duas vezes deputada federal, a jovem, vinda do movimento estudantil, voltou ao estado em 2015 para poder conciliar a carreira política com a maternidade. Chamou a atenção de todo o país ao amamentar a filha durante as sessões na Assembleia Legislativa e, justamente com este tipo de bandeira, pretende ser a grande campeã do desfile rumo ao Planalto. “Me elegi sem parentes importantes, sem sobrenome famoso, num partido pequeno, com origem no movimento social e eu dialogo com a renovação”, afirmou em entrevista ao Correio.

A candidata conta com os jovens e as mulheres como principais cabos eleitorais, já que se sente capaz de representá-los. Em relação ao PT, ela vê como legítima a candidatura de Lula e diz está tudo em paz. “Temos uma relação fraterna com o PT e essa relação se manterá. Estamos próximos porque temos identidade e sonhos próximos, mas estamos em pré-candidaturas diferentes”, comenta. E assim, a marchinha seguirá no “se acaso meu bloco, encontrar o seu, não tem problema”.

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Rodrigo Maia

Conjunto: 1.095.371 filiados, 6,555% do eleitorado brasileiro

Agremiação: DEM

Alegorias: 4 senadores, 30 deputados federais, 48 deputados estaduais, 267 prefeitos

Evolução: deputado federal (1999 à atualidade)

Enredo: discurso mais centro-direita, pró-reformas e privatizações para uma economia mais liberal

Mestre-sala: César Maia (RJ) e José Agripino Maia (RN)

Comissão de frente: Efraim Filho (PB), Ronaldo Caiado (GO), ACM Neto (BA), Mendonça Filho (PE)

Esquentando os tamborins

Ainda sem saber se haverá espaço no sambódromo eleitoral, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), um dos principais destaques da política em 2017, ainda está no ritmo de “deixa as águas rolar”. Ele é hoje uma espécie de regra três para a Presidência da República dentro da correlação de forças que apoia o governo. Apesar do entusiasmo de correligionários, como o presidente do partido, senador José Agripino Maia, e o líder da bancada na Câmara, deputado Efraim Filho, a tendência, segundo especialistas, é de que o DEM saia como uma das alas do PSDB ou até mesmo de um candidato que venha carregar a bandeira do presidente Michel Temer.

Assim como no caso do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, do PSD, uma candidatura do DEM só será viável hoje se obtiver o apoio do PMDB. Maia até aqui jogou lado a lado com o presidente Michel Temer. O pequeno distanciamento ocorrido quando da votação das denúncias do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot o aproximou do ministro Meirelles, outro presidenciável. Agora, porém, o enredo de Meirelles/Rodrigo já foi alterado no ensaio da reforma da Previdência, no início de dezembro.

Em conversas sobre futuros cenários, Maia tem dito que a prioridade hoje é concorrer a um novo mandato de deputado federal para, em 2019, pleitear mais uma vez a presidência da Câmara. Na última semana, subiu ao palco ao lado do prefeito de Salvador, ACM Neto, e do senador Ronaldo Caiado (GO) em um evento de inauguração de uma creche. No palanque, os tambores aceleraram o ritmo de um vôo solo do DEM, mas a orientação é esperar até abril para ver se algum dos candidatos de centro se mostram palatáveis ao eleitor. Até lá, o presidente da Câmara fará seus ensaios. Se subir para o grupo especial, não recusará o posto.

O bloco das surpresas quer chegar às urnas

Partidos menores ensaiam movimentos e selecionam candidatos para se mostrarem competitivos nas eleições de outubro

Em tempos de desfiles eleitorais luxuosos prometidos pelos grandes partidos, os pequenos esperam apresentar novidades para conquistar o estandarte de ouro na avenida e, para isso, vão bombar as campanhas nas redes sociais para tentar atrair o eleitor da mesma forma que os pequenos blocos complementam os gigantes do carnaval lotando as ruas das cidades de foliões. Inspirados no enredo do prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), que conquistou o trono em 2016 com o discurso do outsider, legendas menores investem em nomes fora da tradição política para levantar o público. Depois de apresentar os candidatos do grupo especial e do grupo de acesso, na série “Presidenciáveis na Avenida”, o Correio lista agora nomes que já se apresentaram para participar da festa.

Na pegada social

O mais vistoso deles é o PSol, campeão no número de novos filiados em 2017 — foram quase 25 mil a mais, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A decisão de ter um nome próprio para apresentar ao público foi tomada na convenção nacional do partido no fim do ano passado, mas a divulgação de quem carregará a bandeira do bloco ainda aguarda alguns acontecimentos, principalmente, o julgamento do TRF-4 sobre a condenação em segunda instância do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no próximo dia 24. “Ainda não está definido quem será, mas é certo que teremos candidato a presidente”, garante o deputado federal Chico Alencar (PSol-RJ).
O PSol está entre Plínio de Arruda Sampaio Júnior, economista e professor da Unicamp, e Guilherme Boulos, líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). Ligado a Lula, Boulos é o preferido dos foliões da agremiação, mas ele já manifestou o desejo de não concorrer caso o petista seja candidato. Mesmo com a resistência, a tendência é de que ele seja o escolhido por causa da ligação com os movimentos sociais e a capacidade de angariar votos de Lula, caso o petista não concorra.

Marcha econômica

Legenda em ascensão, o PSC quer mostrar que tem samba no pé e não pretende ficar de fora da festa. Apesar de ainda não se apresentar como um pré-candidato, Rabello foi anunciado assim em um evento do partido na Bahia para mais de 3 mil pessoas no fim do ano passado. Em ensaios por todo o país, a militância testa o nome do economista por considerá-lo o perfil novo que a população quer, mas com caráter técnico.
De acordo com pessoas próximas, a possibilidade de ele ser candidato existe, mas não é algo que esteja no “livro de metas da vida”. “O Paulo vem contribuindo há mais de 40 anos com ideias para o país. Ele saindo ou não é por uma questão natural de um caminho que ele vem trilhando. A ideia é colocar o debate em um nível diferente e contribuir com o desenvolvimento do Brasil”, comenta um amigo.

No campo diametralmente oposto ao PSol, está o PSC. Carnavalescos da sigla, atualmente ligada formalmente ao deputado federal Jair Bolsonaro (RJ), não aceitaram as condições impostas pelo político para entrar na avenida com ele, mas, nem por isso, deixarão de participar do carnaval. Ele sai assim que a janela partidária abrir e deixa espaço para um novo nome surgir, no caso, o do atual presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro.

A liga da Justiça

O partido se esfacelou depois da morte do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos. O vice-governador de São Paulo, Márcio França, que pretende concorrer ao governo estadual, sonha em levar a sigla a uma aliança com o tucano Geraldo Alckmin. O grupo do Nordeste se reaproxima do PT, de olho na popularidade de Lula para alavancar os candidatos. Enquanto isso, outra ala conversa com a Rede de Marina Silva, que, com a morte de Campos, virou a candidata do PSB em 2014.

Os socialistas, entretanto, não abrem o jogo agora. “Temos várias opções, estamos conversando com candidatos e aguardando o ministro Joaquim Barbosa. Temos tempo”, diz o presidente do partido Carlos Siqueira. Para muitos socialistas, se Barbosa topar, pode ser uma saída para que cada ala faça a campanha que desejar, e se engajar apenas se o candidato demonstrar capacidade de atrair multidões.

Entre Castro e Boulos, surge o ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa, que ficou de dar uma resposta ao PSB no fim deste mês. Bem cotado em todas as pesquisas eleitorais, o juiz condutor do mensalão tem sido cobiçado por muitos partidos, mas já chegou a confessar que teria dificuldades em carregar o estandarte de um país com um sistema político tão corrupto. A paquera atualmente é com o PSB e o foco em Barbosa vem causando problemas internos na legenda.

Entre o novo e o velho

Na onda das celebridades, o cirurgião plástico Dr. Rey ou Doutor Hollywood se colocou como o nome do Prona para conquistar os foliões. O nome de verdade é Roberto Miguel Rey Júnior. Aos 12 anos, saiu de São Paulo para os Estados Unidos e virou estrela de um reality show sobre cirurgias plásticas. Com um enredo mais radical, que defende que crianças sejam julgadas e punidas como adultos e presidiários sejam “escravos” da sociedade, o apresentador pretende conquistar parte do público do deputado Jair Bolsonaro. “Educação é importante, mas no Brasil o que falta é chicote. Eu aprendi medicina aos tapas. Hoje eu sou um cirurgião bom porque o gringo destrói você, e você reconstrói você (mesmo) como um robô”, disse recentemente em um vídeo nas redes sociais.

Enquanto a maioria pretende apresentar novidades nas ruas do país, o PRTB, de Levy Fidelix vai repetir a dose do candidato do “trem-bala”. Fidelix é figurinha repetida em todas as eleições presidenciais. Sabe que não emplaca no gosto do eleitor, mas consegue visibilidade para o partido e o projeto do Aerotrem entre Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro.

Depois de esperar meses por uma resposta do apresentador Luciano Huck, que poderia ser o grande outsider da festa eleitoral em 2018, o partido Novo lançou, em novembro, o nome de João Amoêdo. Com mais de 1,5 milhão de seguidores nas redes sociais, a ideia é trabalhar na internet e apresentar um enredo que fuja da política tradicional. “Nossa intenção é mostrar um governo mais eficiente, que atue focado nas funções clássicas: saúde, segurança e educação”, explica o presidente da sigla, Moisés Jardim.

fonte correiobraziliense