RIO — O humorista Everson Silva, o Tirullipa, defendeu a decisão do pai, o palhaço e deputado federal Tiririca, de deixar a política após a conclusão de seu mandato, ao final de 2018. Nesta quarta-feira, Tiririca subiu pela primeira vez na tribuna da Câmara dos Deputados e anunciou que não concorreria a outros cargos eletivos por ter se decepcionado com o Congresso. “É vergonhoso“, disparou o artista, que continuou exercendo a profissão de palhaço depois de ser eleito com mais de um milhão de votos, em 2010.
Pelo Instagram, Tirullipa seguiu na mesma linha de raciocínio do pai e explicou que Tiririca saiu do cargo “por sentir vergonha de ser político e vergonha por a maioria deles (dos deputados) só pensarem em si, no seu ego e nos seus interesses”, em vez do povo. O filho destacou que o deputado “nunca precisou disso aí” e que os brasileiros o esperam de volta aos palcos “de braços abertos”.
“Eu choro de ALEGRIA e de muito ORGULHO desse “palhaço” aí que muitos julgaram e tentaram derrubar (…) Não é covardia, não. Isso é ser um ser humano que pensa no próximo, que tem coragem de ir em público e falar a verdade. Coisa que muitos covardes não têm!”, frisou Tirullipa ao lado de uma série de elogios sobre o caráter do parente.
Em seu primeiro discurso ao microfone da Casa após sete anos como deputado, Tiririca convocou os congressistas a esquecerem “as brigas e os egos”, citou mordomias recebidas por eles e frisou que sai com vergonha pelo que viu nos últimos sete anos. “Estou muito triste com o Parlamento (…) Nem todos os 513 (deputados) trabalham. É vergonhoso. Ando de cabeça erguida porque tenho coragem, mas muitos de vocês andam disfarçados”, declarou o deputado federal, que foi aplaudido por alguns ao fim do anúncio.
Tiririca se candidatou pela primeira vez em 2010 e, com mais de 1,3 milhão de apoiadores nas urnas, foi o deputado mais votado do país. Na ocasião, ele promoveu uma campanha na qual dizia não saber o que um deputado federal fazia. “Pior do que está não fica”, argumentava.
CONGRESSO: 60% DE REPROVAÇÃO DA POPULAÇÃO
A rejeição ao trabalho de deputados e senadores do Congresso Nacional atingiu o recorde histórico de 60%, segundo pesquisa do Instituto Datafolha divulgada nesta quarta-feira. Seis em cada dez brasileiros consideram ruim ou péssimo o trabalho dos parlamentares em Brasília, aponta o levantamento publicado pelo jornal “Folha de S.Paulo”.
A aprovação dos 513 deputados e 81 senadores também atingiu o menor índice desde que o instituto começou a fazer o levantamento, em 1993. A percentagem de pessoas que classificam o trabalho dos congressistas como ótimo ou bom caiu para 5% na pesquisa desta terça-feira. Os demais 31% dos entrevistados classificaram o trabalho dos deputados e senadores como regular.