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A CONSPIRAÇÃO

Enquanto os convidados do Baile da Ilha Fiscal (09/11/1889) vivem uma noite de sonhos e fantasia, os republicanos se reúnem no Clube Militar. E, para cerca de 100 pessoas fala o Tenente-coronel Benjamim Constant: “… Mais que nunca, preciso que me sejam dados plenos poderes para tirar a classe militar de um estado de coisas incompatível com sua honra de dignidade …” e conclui dizendo que “se em oito dias não conseguisse resgatar a honra castrense, iria para a rua quebrar a espada e derramar sangue”.

Casa de Deodoro no Campo de Santana – Rio de Janeiro

No dia11 daquele mês, Deodoro recebe em sua casa no campo de Santana, Quintino Bocaiuva e Aristides Lobo. Lá já se encontrava o Almirante Eduardo Wandenkolk, primeiro oficial da marinha a aderir à conspiração. Todos clamam pela liderança do Marechal que muito relutou a princípio, mas acaba concluindo:

“Se assim querem, que leva à breca a monarquia. Façamos a República! ”

No dia seguinte Deodoro procura Floriano Peixoto, homem forte de Ouro Preto, mas este não parece estar muito convicto. Apesar de ter dito certa feita que a Monarquia era inimiga da farda, recomenda agora prudência.

No dia 14 de novembro de 1889, Floriano Peixoto, podendo ter aderido ativamente ao golpe ou mesmo mandado prender Deodoro por conspiração, resolve, entretanto, mandar logo pela manhã uma carta à Cândido de Oliveira – Ministro Interino da Pasta da Guerra – com o seguinte teor:

“A esta hora V.Exa. deve ter conhecimento de que tramam algo por aí além. Não dê importância, confio na lealdade dos chefes” e ainda agradece ao ministro favores prestados a um protegido.

O Visconde de Ouro Preto tomando conhecimento do alerta de Floriano, convoca uma reunião de emergência e ordena ao Major Frederico Sólon de Sampaio Ribeiro o deslocamento do 2º Regimento de Cavalaria e o 2º de Artilharia do Quartel de São Cristóvão para o da Praia Vermelha, longe, portanto, do Centro do Rio.

Benjamim Constant, apesar do fato, acha que deve adiar o movimento para convencer mais oficiais e aguardar o restabelecimento de Deodoro que vem sofrendo com constante falta de ar. Entretanto o Major Sólon, achando que o adiamento poderia esvaziar o movimento tem uma ideia: segue para o centro do Rio e, pelos bares e jornais da Rua do Ouvidor dissemina o boato que o governo teria mandado prender Deodoro e Constant e que várias guarnições do exército estavam sendo transferidas para o interior; fala ainda que a Guarda Negra (formada por ex-escravos e usada para dissolver comícios republicanos) fora convocada para manter a ordem na sede do governo.

Com essa “notícia” os componentes do exército passam a odiar mais ainda o Presidente do Conselho de Ministros, o Visconde de Ouro Preto.

O GOLPE

Ao cair da noite daquela quinta-feira o jornalista Quintino Bocaiúva, preocupado com a situação procura Sólon e juntos decidem que “era tudo ou nada”.

Próximo à meia noite o 1º Regimento de Cavalaria já está em armas.

Afonso Celso de Assis Figueiredo (Visconde de Ouro Preto)

O Visconde de Ouro Preto e Floriano Peixoto seguem para o Quartel General no Campo de Santana.

Na madrugada de 15 de novembro de 1889, o Tenente-coronel Benjamim Constante, ao saber da decisão dos oficiais da 2ª Brigada de não adiar o levante, arrumou-se e disse: “Preparemo-nos para vencer ou morrer”, mandando, em seguida, seu cunhado, o Tenente Bittencourt Costa à casa de Deodoro e do Major Botelho Magalhães para sublevar os alunos da Escola Militar.

Deodoro a princípio não acredita, mas certificando-se da veracidade do recado levanta-se com dificuldade pois estava acometido de um ataque de dispneia (dificuldade de respirar associada a doença cardíaca ou pulmonar). Farda-se, coloca um revolver no bolso e os arreios do cavalo num saco de lona. Estando muito debilitado não leva sua espada porque seu ventre estava muito dolorido. Dona Mariana, sua mulher, tenta com todos os argumentos o impedir de sair, mas Deodoro pega um “carro” e manda o cocheiro seguir para São Cristóvão.

O Tenente-coronel Benjamim Constant chega antes e dá o toque de reunir a tropa, algo em torno de 600 homens. Partem em direção ao Campo de Santana.

Na altura do gasômetro do mangue, Deodoro encontra a tropa em marcha que o aplaude. Nas imediações da Praça 11 de julho, desce e manda o Capitão Goldofim fazer o reconhecimento do Campo de Santana.

Lá o Capitão encontra as forças leais ao governo: Polícia, Marinha, Bombeiros e alguns homens do Exército, mas em posição de descanso.

Deodoro entra no Ministério da Guerra

Ao saber da situação, Deodoro, com extrema dificuldade, monta num cavalo e ordena que a tropa avance. Quando passou pelo portão do Ministério da Guerra, e diante da hesitação da Polícia e Marinha em dar combate, o marechal acenou com o quepe e ordenou às tropas que se apresentassem. As tropas se perfilaram e ouviram-se os acordes do Hino Nacional.

Às oito horas, apesar das ordens do Ouro Preto que se encontrava no 1º andar do Quartel General, os mais de dois mil homens aderiam ao movimento ou simplesmente nada faziam. Deodoro manda o Tenente-coronel Silva Teles conferenciar com Ouro Preto, mas este rejeita a proposta.